Brasil, 26 de dezembro de 2025
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Quase 90% das vítimas de feminicídio no Piauí não registraram BO

No Piauí, a alarmante estatística de que quase 90% das vítimas de feminicídio não registraram boletins de ocorrência (BO) contra seus agressores evidencia a necessidade urgente de ações de prevenção e suporte. Até o início de dezembro de 2025, o estado contabilizava 35 casos de feminicídio, sendo 27 deles em municípios do interior e oito na capital, Teresina. Esses números são parte de um contexto mais amplo de violência contra a mulher que requer atenção especial das autoridades e da sociedade.

Feminicídio no Piauí: Um problema crescente

Entre 2022 e 2025, foram notificados 182 casos de feminicídio no Piauí, com um aumento significativo em 2024, onde 40 casos foram contabilizados. O feminicídio é definido como um assassinato de uma mulher motivado por discriminação de gênero ou violência doméstica, e a gravidade desse crime levou o governo a aumentar a pena em outubro de 2024, que agora varia entre 12 a 30 anos de prisão. Além disso, a pena pode ser aumentada em um terço caso a vítima esteja grávida ou o crime seja cometido na presença de familiares.

As raízes da violência

A escalada da violência contra a mulher frequentemente começa com formas mais sutis de abuso, como ciúmes excessivos, insultos e humilhações. Esses comportamentos podem evoluir para agressões físicas e, em casos extremos, culminar em feminicídio. Segundo a delegada Eugênia Villa, que cria e administra a 1ª delegacia de feminicídios do Brasil, a maioria das vítimas no Piauí são mulheres negras, com idades entre 30 e 40 anos. “Essas mulheres geralmente já têm uma vida consolidada e muitas vezes são mães”, explica a delegada.

Casos recentes de feminicídio

Dentre os casos mais trágicos registrados em 2025, destaca-se o da servidora pública Maria Aurinete da Silva Nascimento, assassinada a facadas quatro dias após ter solicitado uma medida protetiva contra seu agressor. Outro caso notável é de Jairane Moura da Silva e seus dois filhos, que foram encontrados mortos em sua residência, onde o ex-companheiro dela confessou o crime. Estas tragédias são um triste reflexo da fragilidade das vítimas diante do ciclo de violência.

Outra tragédia envolveu a comandante da Guarda Civil Municipal (GCM) de Parnaíba, Penélope Brito, que foi assassinada junto com um vereador em uma situação que levantou a discussão sobre como as mulheres em posições de destaque ainda não estão a salvo da violência de gênero. O crime foi atribuído ao ex-marido da vítima, reforçando o ciclo de controle e violência que muitas mulheres enfrentam.

Por que as denúncias não ocorrem?

A falta de denúncia por parte das vítimas pode ser atribuída a vários fatores, que incluem o medo de represálias, a desconfiança nas autoridades, e a estigmatização social. Muitas mulheres sentem que denunciar não trará proteção efetiva ou, pior, pode piorar sua situação. Assim, educar e empoderar as mulheres é fundamental para que busquem ajuda e que o ciclo de violência se rompa.

Como buscar ajuda no Piauí?

O Disque 180 é um canal de denúncias totalmente gratuito, que funciona 24 horas e oferece apoio às vítimas. Além disso, existem várias instituições e centros de acolhimento no Piauí, como o Centro de Referência para a Mulher em Situações de Violência, que podem oferecer suporte psicológico e legal. A identificação de centros de orientação como esses pode ser um primeiro passo para mudar a situação de vulnerabilidade dessas mulheres.

Em Teresina, a Casa da Mulher Brasileira e as delegacias especializadas em atendimento à mulher também estão disponíveis para prestar auxílio. O acesso a esse tipo de serviço é crucial para garantir que as vítimas não se sintam sozinhas e que argumentações jurídicas possam ser apresentadas, levando a uma cultura de respeito e segurança.

É fundamental que as mulheres saibam que não estão sozinhas e que existem recursos disponíveis para ajudá-las a superar essas situações de violência. O apoio social e institucional é vital para que consigam reconstruir suas vidas longe do medo e da opressão.

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