Brasil, 26 de dezembro de 2025
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O legado do Império de Mali na história africana

Os impérios africanos foram formações de Estado que abrangeram vários povos em uma só entidade. Esta formação se dava normalmente por meio de conquistas. Esses impérios foram importantes devido às suas relações comerciais, políticas e culturais, alcançando um grande grau de civilização. Hoje vamos conhecer um pouco mais de um deles: o Império de Mali. Assim como aconteceu em relação ao Império de Gana, Mali é o nome que se dá a um dos países da África moderna.

O Império de Mali

Com o declínio de Gana ocorreram diversas disputas entre estados menores que eram submissos, ao século XII. Um desses estados era formado pelo povo conhecido por sosso, de etnia Soninke. Através das armas se impuseram e alcançaram a hegemonia regional no século XIII.

O Império era composto por 12 reinos menores ligados entre si, tendo como capital a cidade Kangaba. Os mandingas, que eram o povo mais forte, chamavam seu território de Manden, que significa terra dos mandingas.

O Império de Mali era formado por povos presentes na região situada entre o Rio Senegal e o Rio Níger. Dentre eles, o mais importante eram os mandingas, que já eram conhecedores do islã desde o século XI. Além deles, os soninquês, fulas, sossos e bozos também fizeram parte desse império.

Após anos de guerras entre os soninquês de Gana e os almorávidas (século XI), e depois das guerras com os sossos (século XII), Mali conseguiu sua independência e adotou o islamismo. Apesar de passar por um período de crise política e econômica, conseguiu se restabelecer e, em 1235, os mandingas de Mali conquistaram o território do antigo Império de Gana, sob a liderança de Maghan Sundiata, que recebeu o título de Mansa, que na língua mandinga significa “imperador”.

No domínio de Sundjata Keita, o maior representante do Império Mali, sua autoridade foi estendida sobre outras unidades políticas próximas, formando um estado unificado e hegemônico até o século XV.

A centralização do Império de Mali

Ao contrário do Império de Gana, que se preocupava mais em manter os povos dominados, o Império de Mali se impôs de forma centralista, estabelecendo fronteiras bem definidas e formulando leis por meio de uma assembleia chamada Gbara, composta por diversos povos do império. A aplicação da justiça era implacável, o que levou viajantes a se referirem aos povos negros como “os que mais odeiam as injustiças – e seu imperador não perdoa ninguém que seja acusado de injusto”.

Com essa estrutura administrativa e legal, o Império de Mali chegou a ter a atual extensão da Europa Ocidental. Sua hegemonia na vasta região da África Ocidental ou África Negra, localizada abaixo do Deserto do Saara, deve-se à formação de um exército poderoso, ao controle da extração do ouro e à existência de uma administração eficiente, garantindo que Mali se tornasse um dos impérios mais bem-sucedidos do continente africano.

Mali controlava todo o comércio de ouro local, pois o metal extraído sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Um fato curioso ocorrido entre 1324 e 1325 foi que Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, ao passar pelo Cairo, presenteou tantas pessoas com ouro que o valor desse metal desvalorizou por mais de 10 anos.

Timbuktu: um centro de cultura e comércio

Sob o reinado de Mussa, a cidade de Timbuktu (ou Tombuctu) se tornou uma das mais ricas e importantes da região. Sua universidade era um dos maiores centros de cultura muçulmana da época, responsável por várias traduções de textos gregos que ainda circulavam nos séculos XIV e XV. A grandiosidade de Timbuktu atravessou os tempos e, no século XIX, exploradores europeus se embrenharam pelos caminhos africanos, seguindo o rio Níger, em busca da lendária cidade.

A decadência do Império

O Império de Mali entrou em decadência a partir do final do século XIV, em função das disputas políticas internas e das incursões dos tuaregues, um povo berbere do deserto, sendo conquistado, no século XV, pelos songais que até então eram dominados por Mali. Foi nesse mesmo século que os portugueses, em pleno processo de expansão marítima, conheceram o já decadente Mali.

O legado do Império de Mali é um marco na história da África, representando um período de riqueza, cultura e poder que influenciou profundamente o desenvolvimento da região. O reconhecimento de suas complexas estruturas sociais e políticas continua a ser fundamental para entender as dimensões da civilização africana e suas contribuições ao mundo.

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