A cultura da carinata, planta oleaginosa relacionada à canola, vem ganhando espaço no Brasil devido à sua aplicação na produção de biocombustíveis, especialmente o combustível sustentável de aviação (SAF). Em 2024, foram cultivados 10 mil hectares, previsão que deve subir para 50 mil hectares até 2026, principalmente no Rio Grande do Sul e Goiás.
O potencial da carinata na matriz energética brasileira
O crescimento da cultura se deve ao aumento da demanda global por fontes de energia mais sustentáveis. A carinata é utilizada como matéria-prima na fabricação de biocombustíveis, com destaque para o SAF, que tem grande potencial de expansão no mercado internacional. Segundo a empresária Luciane Chiodi Bachion, da Agroicone, as culturas emergentes como essa são essenciais para a transição energética do Brasil.
Iniciativa liderada pela Nufarm
A multinacional australiana Nufarm lidera o desenvolvimento do cultivo de carinata no país. Philipp Herbst Minarelli, gerente de canola e carinata para o Brasil e Paraguai, explica que o melhoramento genético realizado na canola foi aproveitado na oleaginosa, que possui ciclo médio de 130 a 150 dias. A estratégia é abastecer o mercado de biocombustíveis e SAF, com a produção brasileira destinando-se também à exportação.
Desafios e possibilidades do cultivo de carinata
Os produtores brasileiros estão cada vez mais interessados na cultura. O produtor Jonis Santo Assmann, de Mato Grosso do Sul, iniciou o plantio de 700 hectares de carinata neste ano, após conhecê-la na Argentina. Assmann destaca que o cultivo diversifica a receita e representa uma alternativa sustentável, sem necessidade de desmatamento.
Apesar do potencial, a cultura ainda enfrenta obstáculos, como a necessidade de tecnologia de iluminação artificial para simular dias longos, essenciais para o desenvolvimento da planta no clima tropical do Brasil. Felipe Francisco, engenheiro agrônomo e secretário técnico da Aprolúpulo, explica que essa adaptação é possível devido ao calor quase o ano todo no país.
Expansão de culturas emergentes e o papel do Brasil
Além da carinata, outras culturas emergentes, como sorgo, gergelim, lúpulo e canola, ganham destaque pelo uso em biocombustíveis e na diversificação agrícola. O sorgo, resistente a climas secos, tem sido empregado na fabricação de etanol e ração animal, especialmente em estados como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
O cultivo de canola vem crescendo, sobretudo no Rio Grande do Sul, chegando a 220 mil hectares nesta safra, copando uma área que deve atingir 300 mil hectares em 2026. Essa cultura é utilizada em alimentos e também na produção de biocombustíveis, incluindo SAF, ampliando a importância do setor.
Perspectivas para o futuro do agronegócio brasileiro
O Brasil possui um enorme potencial na produção de biocombustíveis devido às suas características climáticas e ao desenvolvimento de tecnologias específicas para culturas emergentes. Ainda assim, desafios como custos de insumos e juros permanecem. Segundo a CNA, o setor deve enfrentar um ano difícil em 2026, mesmo tendo sustentado a economia em 2025.
Com estratégias de adaptação e incentivo à inovação, o país busca transformar sua matriz agrícola, expandindo o cultivo de culturas como a carinata, que podem contribuir para a descarbonização e fortalecimento do mercado de biocombustíveis.
Mais detalhes sobre a expansão agrícola brasileira podem ser conferidos na matéria do Globo.


