Os fervedouros do Jalapão são um dos principais atrativos do Parque Estadual, encantando visitantes com suas piscinas naturais de água cristalina. Esses oásis no meio do cerrado são conhecidos pela peculiaridade de permitir que as pessoas flutuem sem afundar. Mas o que explica esse fenômeno? A resposta envolve conceitos de física e hidrologia.
O fenômeno da ressurgência
O professor de Física do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), Luís Flexa, explica que o entendimento dos fervedouros começa com o fenômeno chamado ressurgência. “Esse processo ocorre quando a água retorna à superfície de um aquífero ou lençol freático, sendo formada principalmente pela infiltração das chuvas”, comenta. A topografia especial da região faz com que essa água, ao encontrar obstáculos para seu caminho, seja forçada a subir, resultando em uma nascente de água subterrânea com alta pressão.
A pressão constante de baixo para cima é o que cria a sensação única de flutuar nos fervedouros. “Essa característica é fundamental, especialmente durante a estiagem, pois garante a presença de água mesmo na ausência de chuvas”, destaca Flexa, salientando a necessidade de preservar o ambiente para manter esse ciclo natural intacto.
Por que não conseguimos afundar?
Aproximando-se do mistério da flutuação, a resposta está no fenômeno conhecido como Empuxo, que é explicado pelo Teorema de Arquimedes. Esse princípio afirma que todo corpo submerso em um fluido sofre uma força de empuxo para cima, equivalente ao peso do líquido deslocado. “Quando você pula em uma piscina, seu peso puxa para baixo, mas a força de empuxo da água empurra para cima. Nos fervedouros, além do empuxo, a pressão da água ascendente torna essa força ainda maior”, detalha Flexa.
Por conta disso, o empuxo nos fervedouros é significativamente maior do que em uma piscina comum, tornando quase impossível afundar. “A água está sempre empurrando você para cima”, complementa. Portanto, a razão pela qual não afundamos nos fervedouros é que a água em constante movimento ascendente gera pressão e empuxo que supera a força da gravidade.
Regras para a visitação dos fervedouros
Os fervedouros são consideradas as atrações mais emblemáticas do Jalapão, mas são ambientes sensíveis que exigem respeito e preservação. Para proteger esses locais, existem algumas regras a serem seguidas durante as visitas, como a limitação do número de visitantes simultâneos, a fim de evitar a degradação do ambiente.
A região abriga fervedouros de diversos tamanhos, formatos, cores de água e intensidades de flutuação. Conheça alguns dos mais populares:
Buriti
Localizado em uma propriedade particular, é bastante procurado por turistas devido ao seu formato semelhante a um coração. O fervedouro conta com uma estrutura de deck e escada, facilitando o acesso.
Rio Sono
Esse fervedouro costuma ser um ponto de parada durante passeios, especialmente na hora do almoço. Por ter micronascentes com pressão menor, a sensação de flutuar é menos intensa do que em outros fervedouros.
Buritizinho
Com capacidade para até seis pessoas, é um dos fervedouros menores da região, proporcionando uma experiência mais intimista.
Macaúbas
Este é conhecido por ter uma das pressões de água mais fortes no Jalapão, criando uma experiência única para os visitantes.
Bela Vista
Reconhecido como um dos fervedouros mais famosos, tanto pela beleza da nascente quanto pela aparência do próprio poço, é alvo de muitos turistas.
A preservação dos fervedouros é crucial para manter essa maravilha natural viva e acessível para futuras gerações. Respeitar as regras de visitação assegura que todos possam desfrutar dessa experiência única no coração do Cerrado brasileiro.
Fervedouros não são apenas local de entretenimento, mas também um exemplo da necessidade de balancear turismo e conservação ambiental, garantindo que essas joias naturais permaneçam intactas para que todos possam conhecê-las e admirar sua beleza e peculiaridade.
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