A pandemia da covid-19 trouxe diversos desafios para o esporte mundial, e na natação paralímpica não foi diferente. A Paralimpíada de Tóquio, que deveria acontecer em 2020, foi adiada para 2021. Com isso, muitos atletas enfrentaram um calendário comprometido, envolvendo a emenda de quatro anos consecutivos de competições importantes. Dentre elas, destaca-se os próximos Jogos de Paris, na França, em 2024, e uma série de Campeonatos Mundiais programados: 2022 na Ilha da Madeira, em Portugal; 2023 em Manchester, na Inglaterra; e 2025 em Singapura. Este contexto gera uma pressão extra para os atletas e suas equipes de treinamento.
O calendário da natação paralímpica e desafios futuros
A próxima temporada da natação paralímpica não trará grandes eventos, mas ainda assim terá desafios significativos. As etapas da World Series, o circuito mundial anual da modalidade, e os Jogos Parasul-Americanos, que ocorrerão nas cidades colombianas de Valledupar e Agustín Codazzi, em 2026, serão os principais focos de competição. Apesar da aparente tranquilidade, como ressalta Maria Carolina Santiago, a preparação para a Paralimpíada de Los Angeles, nos Estados Unidos, exige um planejamento meticuloso.
“Na nossa preparação, [2026] será bem importante para fazermos a base do que queremos construir de velocidade e resistência para os Jogos. Testando bastante coisa, estando o mais próximo que pudermos controlar para não sairmos do que já sabemos que funciona. Então, com certeza, vamos aproveitar as competições para testarmos o programa”, afirmou a nadadora pernambucana em entrevista à Agência Brasil. Com 40 anos, Maria Carolina, conhecida como Carol, é uma das mais proeminentes atletas do cenário paralímpico brasileiro.
A trajetória de Maria Carolina na natação paralímpica
Carol nasceu com a Síndrome de Morning Glory, uma alteração na retina que a classifica na classe S12, destinada a atletas com baixa visão. Após migrar da natação convencional para a modalidade paralímpica em 2018, rapidamente conquistou seu espaço e se tornou uma referência. Apenas em duas Paralimpíadas — Tóquio e Paris —, ela já conquistou dez medalhas, sendo seis delas de ouro, tornando-se a maior campeã paralímpica do Brasil e destacando-se como a segunda mulher com mais pódios em Jogos Paralímpicos, atrás somente da velocista Ádria dos Santos.
No evento de Paris, Carol brilhou nas provas de 50 e 100 metros livre, além de se destacar nos 100 metros costas, onde conquistou ouro, e nas provas de 100 metros peito e revezamento 4×100 metros livre, onde conquistou pratas. Esse desempenho a impulsionou para um planejamento estratégico em vista dos Jogos de 2028, onde ela e seu treinador, Leonardo Tomazello, decidiram focar em três provas individuais, priorizando aquelas que lhe trouxeram sucesso em Paris.
Resultados encorajadores e desafios enfrentados
O planejamento inicial mostrou resultados positivos. No Mundial de Singapura de 2025, Carol repetiu suas conquistas de Paris, com três ouros e um quarto pódio no revezamento 4×100 metros medley, além de uma prata no revezamento 4×100 metros livre. Isso a rendeu o título de atleta feminina do ano no Prêmio Brasil Paralímpico pela quarta vez, destacando-se como a maior ganhadora do prêmio entre as mulheres.
“Posso dizer que foi o ano mais difícil desde que entrei no movimento paralímpico, mas conseguimos transformar as dificuldades em desafios, enfrentar, vencer e performar, como performamos no Mundial”, comentou Carol, refletindo sobre seus desafios superados.
A importância do Mundial na preparação para os Jogos
Carol acredita que o primeiro ano após os Jogos Paralímpicos é crucial. “Era um ano de Mundial, em que você pode avaliar exatamente o ponto em que está na preparação. O Mundial é o que temos mais próximo de uma Paralimpíada. Então, avalio [o desempenho] como um pontapé inicial bem dado”, destacou a multicampeã. Já com os olhos voltados para Los Angeles, Carol e sua equipe buscam repetir o sucesso e ampliar suas conquistas em um ciclo que promete muitas emoções e desafios.
Com uma trajetória marcada por conquistas e uma determinação inabalável, Maria Carolina Santiago se prepara para mais uma etapa de sua carreira rumo às Paralimpíadas. Seu comprometimento e paixão pela natação paralímpica seguem como fonte de inspiração para atletas e admiradores do esporte no Brasil e no mundo.



