No início de dezembro, o presidente Donald Trump reforçou seu otimismo em relação à inteligência artificial (IA), minimizando riscos e celebrando o potencial de crescimento econômico proporcionado pela tecnologia. Mesmo com a apreensão de investidores sobre possíveis bolhas no setor de tecnologia, Trump afirmou categoricamente que “não” vê riscos na explosão de aplicações de IA, declarando que “ama IA”.
O respaldo do governo e o impacto na economia dos Estados Unidos
Após dados do governo americano mostrarem uma expansão de mais de 4% na economia no último trimestre, o apoio irrestrito de Trump à IA ficou ainda mais evidente. Kevin Hassett, ex-presidente do Conselho Econômico Nacional, declarou à CNBC que os indicadores sugerem um “boom” causado pela disseminação de IA no mercado.
O governo ajustou regulações e incentivou investimentos em data centers e tecnologia, com o objetivo de fortalecer setores de alta tecnologia e gerar empregos. Negócios de empresas como Nvidia tiveram forte valorização, impulsionando o índice do mercado acionário dos EUA — que bateu recordes recentes, refletindo o entusiasmo com o setor de IA.
A visão positiva de especialistas e as preocupações emergentes
Para Glenn Hubbard, ex-presidencial do Conselho de Assessores Econômicos, a IA generativa tem potencial para transformar produtividade e crescimento. “É um grande ponto positivo”, afirmou. Entretanto, ele alertou para os desafios econômicos e políticos, como a distribuição de financiamentos, impactos sobre comunidades e possíveis perdas de emprego.
Até o momento, estudos indicam que empresas que adotaram IA preferem requalificar trabalhadores em vez de demiti-los. Uma pesquisa do Federal Reserve de Nova York revelou que o crescimento de IA reduziu a contratação de jovens com menos experiência, levando a uma dinâmica de transformação do mercado de trabalho mais lenta do que o esperado.
Debate sobre empregos e regulação da IA
Enquanto apoiadores, incluindo Trump, veem a IA como uma “competição acelerada” contra outras superpotências e uma oportunidade de criar milhares de empregos, críticos preocupam-se com os possíveis efeitos adversos. Bharat Ramamurti, ex-assessor do governo Biden, afirmou que é improvável que a IA beneficie a economia sem causar danos ao mercado de trabalho.
Na Casa Branca, há uma combinação de otimismo com ações regulatórias que facilitam avanços tecnológicos, além de alertas de que a IA possa gerar desemprego em setores específicos, especialmente entre jovens recém-formados.
Perspectivas futuras e o papel da política na inovação
Trump assinou decretos que eliminam obstáculos regulatórios, promovendo a expansão de centros de dados e a aquisição de materiais essenciais para tecnologia. Essa postura de incentivo contrastou com uma abordagem mais cautelosa adotada por economistas especializados, que defendem uma atenção maior aos efeitos sociais da IA.
Lisa Cook, do Federal Reserve, comentou que a IA pode ter um impacto positivo na condução da política de controle da inflação, desde que os ganhos de produtividade continuem se acumulando. Ela ressaltou a importância de acompanhar de perto os efeitos dessa tecnologia na força de trabalho ao longo do tempo.
Para o economista Erik Brynjolfsson, a adoção da IA já apresentou redução desproporcional na contratação de jovens, o que reforça a necessidade de políticas públicas que preparem a força de trabalho para essa transformação, evitando desigualdades e desemprego estrutural.
Assim, embora o otimismo de Trump e do mercado seja evidente, especialistas alertam que o avanço da IA deve ser acompanhado de medidas de regulação e requalificação dos trabalhadores para garantir uma transição mais equilibrada. O debate sobre os impactos econômicos, sociais e políticos da tecnologia permanece ativo e fundamental para o futuro da economia global.
Fonte: GLOBO
