Na última terça-feira, durante uma reunião onde apresentou os resultados financeiros de 2025, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, não poupou críticas à jornalista da TV Globo que questionou o baixo investimento do clube no futebol feminino. O incidente acirrou uma polêmica envolvendo o clube e a emissora, destacando a necessidade de melhorias no tratamento do futebol feminino no Brasil.
Polêmica nas palavras de Bap
Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, expressou indignação em relação ao que considera uma cobertura negativa sobre o Flamengo e sua postura em relação ao futebol feminino. Durante a apresentação, ele disse: “Quais são os fatos? Audiência crescente. Se compara com o futebol masculino? Não, mas não pode ser essa diferença. A TV fica com os lucros do pacote de marketing e não distribuiu aos clubes. Tem lá a nariguda da Globo que fica falando mal da gente e tudo mais, do futebol, que não estimula… dá vontade de falar: ‘Filha, convence a sua empresa a colocar 10 milhões, 20 milhões por ano em direito de transmissão que a coisa fica melhor. Pau que dá em João tem que bater em Maria também”.
As declarações geraram forte repercussão nas redes sociais e em veículos de comunicação, levantando questões sobre a cultura misógina em alguns discursos. A TV Globo não hesitou em repudiar o ataque feito por Baptista, afirmando em nota: “A Globo repudia o ataque gratuito e misógino do dirigente do Flamengo a uma de suas profissionais e reitera seu profundo respeito às mulheres e a opiniões críticas que não ofendam nem insultem quem quer que seja”.
Estratégia de revitalização do futebol rubro-negro
No mesmo evento, Bap aproveitou para delinear a estratégia do Flamengo para o futuro do seu departamento de futebol. Ele mencionou a intenção de rejuvenescer o plantel e aumentar a competitividade entre os jogadores, afirmando a necessidade de ter “jogadores mais fortes, mais jovens”. O presidente afirmou que não pretende comprar atletas acima de 26 anos, argumentando que contratar jogadores em final de carreira desvaloriza o “ativo” do clube.
“Vamos continuar no processo de reforço do elenco. E reduzir a idade média. Tem que ter jogadores mais fortes, mais jovens. E vamos estimular competição feroz em todas as posições. Ter 22 titulares. Provavelmente a gente não vai comprar nenhum jogador acima de 26 anos de idade. Quando compra com 29 ou 30, seguramente ele vai morrer contigo. Desvaloriza o ativo”, completou Bap.
Aumento nas receitas e investimento em contratações
O presidente também celebrou o crescimento significativo nas receitas do Flamengo, que saltaram de R$ 1,4 bilhão em 2024 para R$ 2,1 bilhões em 2025. Com isso, ele declarou que o clube poderia investir até R$ 1 bilhão em contratações, superando seus rivais, como Palmeiras e Botafogo, que têm investido mais nos últimos anos.
“Nós crescemos, em um ano, o faturamento de um São Paulo, que era o quarto do Brasil. O que acontece se o Flamengo não ganhar nada este ano (2026)? A casa cai? A gente fatura R$ 1,4 bilhão. O orçamento do Palmeiras com tudo dentro é R$ 1,2 bilhão. Então, temos fôlego e musculatura para irmos por muito mais”, enfatizou Baptista.
Reflexões sobre o futuro do futebol feminino
A crise no investimento no futebol feminino, acentuada por incidentes como o ocorrido, coloca em evidência a necessidade de discussões mais aprofundadas sobre equidade e respeito dentro e fora dos campos. O futebol feminino no Brasil ainda busca ganhar espaço e reconhecimento, principalmente em meio a uma cultura que frequentemente marginaliza suas atletas e profissionais.
O Flamengo, como um dos maiores clubes do país, tem o potencial de liderar essa transformação e promover a valorização do futebol feminino. No entanto, para isso, é fundamental que seus dirigentes promovam um discurso que incentive o respeito e a igualdade, contribuindo assim para o desenvolvimento do esporte como um todo, e criando um ambiente mais saudável e inclusivo.
É fundamental que o diálogo sobre essas questões continue, e que líderes do esporte demonstrem compromisso com a construção de um futuro melhor para todos os envolvidos, independentemente de gênero.

