Brasil, 24 de dezembro de 2025
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Déficit turístico da Argentina atinge recorde com saída de argentinos para o Brasil

A saída líquida de divisas por turistas argentinos atingiu seu maior volume em quase uma década no mês de novembro, impulsionada por um dólar mais barato e preços competitivos, especialmente no Brasil. Segundo dados oficiais, o saldo negativo de turistas chegou a 6,41 milhões de pessoas entre janeiro e novembro, superando registros históricos e refletindo um cenário de escassez de reservas no Banco Central Argentino. O movimento ocorre em meio às intervenções do governo de Javier Milei para manter o câmbio sob controle.

Maior déficit turístico em quase uma década

O mês de novembro foi particularmente crítico, com 763.789 argentinos saindo do país, uma alta de 15,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as entradas de turistas estrangeiros totalizaram 491.371, uma queda de 2,7%. O déficit mensal de 272.418 pessoas foi 73% superior ao registrado em novembro de 2024, consolidando uma tendência de deterioração da balança turística que já supera o pior desempenho de 2018.

De janeiro a novembro, a saída total de residentes ultrapassou 11 milhões, enquanto as entradas de estrangeiros não residentes ficaram em 4,78 milhões, gerando um saldo negativo recorde de 6,41 milhões de pessoas. Apesar do resultado adverso, o turismo representa cerca de 1,7% do PIB na Argentina, com forte impacto em setores como transporte, gastronomia e hotelaria.

Contexto cambial e fatores de atração

A análise do consultor Equilibra aponta que, apesar da taxa de câmbio real multilateral estar 18% acima da média do começo do ano, a melhora na competitividade do país para o turismo foi limitada. Isso ocorre porque o dólar cartão praticamente desapareceu, e os pagamentos internacionais ao câmbio oficial favoreceram uma convergência do câmbio efetivo do turismo com o dólar oficial, que está apenas 5% acima do patamar do início do ano.

Além do câmbio, fatores como viagens mais acessíveis para destinos internacionais devido à diferença de preços também explicam a ampliação do turismo emissivo. Levantamentos mostram que, para argentinos, viajar ao exterior continua mais barato do que destinos nacionais, como Ushuaia ou Villa Carlos Paz, com gastos diários entre US$ 109 e US$ 147, em comparação a valores superiores a US$ 170 nos destinos domésticos.

Impacto econômico e desafios futuros

O aumento do turismo internacional trouxe um influxo de US$ 7,17 bilhões na economia brasileira até novembro, um crescimento de 8,4% em relação ao ano passado, enquanto na Argentina o déficit de dólares por turismo deve variar entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões neste ano. Este cenário evidencia o longo histórico de déficits na balança turística argentina, que se manteve negativa em 42 dos últimos 49 anos, com média anual de US$ 3 bilhões entre 2016 e 2024.

O Governo argentino anunciou, por sua vez, a suspensão do financiamento para a Pesquisa de Turismo Internacional e de Ocupação Hoteleira a partir de janeiro de 2026, limitando a capacidade de monitorar e planejar o setor. Partindo dessas bases, o país enfrenta um desafio crucial: reverter uma dinâmica que transforma o turismo em uma saída constante de divisas, mesmo em períodos de valorização cambial.

Recuperação do turismo interno e retomada de voos internacionais

Para estimular o turismo doméstico, o secretário de Turismo e Meio Ambiente, Daniel Scioli, lançou o programa “Viaja +”, com benefícios de crédito e descontos em viagens, hospedagens, gastronomia e aluguel de veículos. A iniciativa busca impulsionar o turismo interno, semelhante aos programas implantados pelo Brasil sob o governo Lula, que alcançou recordes de visitantes estrangeiros neste ano, com forte presença de argentinos.

Além disso, o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, recebeu autorização para retomar voos internacionais, ampliando as conexões com destinos no exterior e contribuindo para reverter a queda de turistas estrangeiros no país. Segundo especialistas, fatores comportamentais, como o oportunismo diante da volatilidade cambial, também influenciam a aceleração do turismo emissivo, que se mostra uma das principais vias de saída de divisas da economia argentina em 2025.

Para mais detalhes, acesse o sítio do Globo.

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