A violência contra jornalistas nos Estados Unidos teve um aumento dramático desde a reeleição de Donald Trump, conforme revela um novo relatório da Freedom of the Press Foundation. O crescimento das agressões, muitas vezes perpetradas por autoridades, aconteceu em meio a protestos relacionados às políticas de imigração do governo Trump e ao tratamento de imigrantes indocumentados. Este cenário preocupante evidencia um desafio à liberdade de imprensa e à segurança dos profissionais de comunicação no país.
Contexto da violência contra a prensa
Com a reeleição de Trump, os relatos de agressões a jornalistas dispararam, com números que se igualam aos dos últimos três anos combinados. A organização investigativa aponta que este aumento coincide com a intensificação da retórica anti-mídia por parte de líderes públicos, incluindo o próprio presidente, que frequentemente culpa a imprensa por disseminar informações falsas e promove um ambiente hostil.
Os protestos, originados em resposta às ações do governo que muitos consideram autoritárias, como deportações sem devido processo legal, resultaram em uma cobertura intensiva por parte dos jornalistas. De acordo com o relatório, cerca de 170 agressões a jornalistas ocorreram em 2025, das quais a maioria aconteceu em eventos relacionados às políticas de imigração. Em comparação, entre 2022 e 2024, foram registrados apenas 175 incidentes similares.
A relação entre retórica política e agressões
Os especialistas em liberdade de imprensa afirmam que a linguagem deslegitimadora utilizada por Trump e outros líderes pode contribuir para um aumento da violência. Lars Willnat, professor da Universidade de Syracuse, explica que quando figuras de autoridade atacam a credibilidade da imprensa, seus apoiadores podem ver jornalistas como alvos legítimos. Essa mudança de percepção pode normalizar a agressão a profissionais que estão apenas cumprindo seu papel de observar e relatar eventos.
Durante o ano, várias manifestações massivas ocorreram contra políticas que muitos consideram injustas, levando a um aumento nas tensões entre autoridades e jornalistas. A situação se agrava quando os agentes da lei utilizam a força de forma indiscriminada, como se observou em protestos em Chicago, onde jornalistas documentaram a brutalidade policial de maneira direta.
Casos específicos de agressão e suas consequências
Entre os casos mais severos está o de Nick Stern, fotógrafo que sofreu duas agressões graves em protestos. No primeiro incidente, um oficial disparou um dispositivo explosivo próximo ao seu local de trabalho, resultando em ferimentos que o levaram à cirurgia. Em outro protesto, mesmo apresentando seu crachá de imprensa, ele foi atingido por um bastão pela polícia.
Além das agressores físicas, Raven Geary, uma jornalista de Chicago, também relatou ter sido atingida por uma bola de pimenta durante a cobertura de protestos. Esses casos exemplificam a crescente periculosidade e a percepção equivocada de que jornalistas são parte do protesto, em vez de meros observadores.
Situação atual e resposta judicial
As estatísticas alarmantes levaram a Freedom of the Press Foundation a implementar um rastreador de incidentes, dando visibilidade aos ataques e agressões sofridos por jornalistas em campo. Com cerca de 34 ataques reportados apenas em uma operação de fiscalização de imigração em Chicago, as autoridades enfrentam crescente escrutínio sobre suas ações durante os protestos.
Em resposta às crescentes agressões, um juiz federal emitiu uma ordem de restrição temporária, proibindo o uso de força contra jornalistas identificáveis sem a certeza de que estes cometeram um crime. Essa decisão foi recebida com apelos por parte dos órgãos responsáveis pela segurança, alegando que a situação de violência na região justifica o uso de força. No entanto, o juiz refutou essa justificativa, destacando que seu uso indiscriminado de força sobre jornalistas não pode ser aceitável.
Conclusão: A importância da proteção à imprensa
Enquanto a violência e a hostilidade em relação à imprensa aumentam, jornalistas como Nick Stern continuam a desempenhar um papel vital ao documentar eventos desafiadores nos Estados Unidos. “Vamos olhar para trás e ver que este foi um período de grande turbulência”, afirma Stern. A cobertura da violência e das violações de direitos continuada é crucial para manter a transparência e a responsabilidade, reforçando a importância da liberdade de imprensa em uma democracia saudável.
Este aumento da violência contra jornalistas é um sinal preocupante que requer atenção e ação, destacando a necessidade de proteção e apoio a todos que buscam informar o público e documentar a verdade.


