Após publicamente criticar a intenção do governo federal de flexibilizar o limite de passageiros no Aeroporto Santos Dumont, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou que se reunirá com o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, na primeira quinzena de janeiro. A reunião busca definir a melhor estratégia para o futuro do aeroporto central da cidade.
Disputa pelo controle do Santos Dumont
Na mesma semana, Paes afirmou no X (antigo Twitter) que forças ocultas estariam se movimentando na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para flexibilizar o limite de passageiros, que atualmente é de 6,5 milhões por ano. Segundo o prefeito, essa mudança representaria uma tentativa de dificultar a recuperação do Aeroporto Santos Dumont, que teve sua capacidade reduzida durante a pandemia.
“Conversei com o ministro Silvio Costa Filho, que sempre foi um aliado na coordenação dos aeroportos do Rio, implementou as medidas que fortaleceram o Galeão e ampliaram a malha de voos do nosso estado”, escreveu Paes. “Diante das notícias recentes, ficou combinado que, na segunda semana de janeiro, teremos uma reunião para avançar com a melhor solução para o Rio e o Brasil”, completou.
A Agência Nacional de Aviação Civil, vinculada ao Ministério dos Portos, rebateu as declarações do prefeito, afirmando que a entidade atua de forma transparente e com diálogo aberto com as companhias aéreas.
Contexto da disputa e impactos nos aeroportos
O Santos Dumont, localizado no centro da cidade e próximo à zona turística da zona sul, é controlado pela estatal Infraero, enquanto o Galeão, na Ilha do Governador, é operado pela concessionária privada Changi. O limite atual do Santos Dumont foi estabelecido para favorecer a recuperação do Galeão, que perdeu passageiros durante a pandemia e teve sua concessionária, a RioGaleão, que administra o Galeão, manifestando interesse de devolver a operação ao governo em 2022.
Após negociações, o contrato do Galeão foi renegociado em 2024, com aval do Tribunal de Contas da União (TCU). A concessão do Galeão será leiloada novamente em 30 de março de 2026, com lance mínimo de R$ 932 milhões, e a Infraero concordou em vender sua participação de 49% no aeroporto ao grupo vencedor.
Dados de fluxo de passageiros e futuro do Galeão
Desde a imposição do teto no Santos Dumont, o número de passageiros caiu de 10,9 milhões para 5,7 milhões ao ano. Em contrapartida, o Galeão viu seu movimento aumentar de 6,8 milhões para 16,1 milhões, impulsionando um crescimento total de 23% no tráfego nos aeroportos do Rio, que passaram de 17,7 milhões em 2023 para 21,8 milhões em 2025.
O ministro Silvio Costa Filho anunciou que o limite de passageiros no Santos Dumont pode chegar até 8 milhões por ano, como parte de uma estratégia de expansão futura. Ainda assim, a decisão final sobre o aumento será tomada após a reunião com Paes, que buscará fortalecer o centro da cidade como hub de voos.
Segundo dados divulgados pelo Ministério, a revisão do limite de passageiros visa equilibrar o fluxo entre os aeroportos e garantir que o Santos Dumont continue a desempenhar papel fundamental na mobilidade urbana e turística da capital fluminense.
Próximos passos e perspectivas
Com a reunião marcada para o início de janeiro, o prefeito Eduardo Paes e o ministro Silvio Costa Filho pretendem encontrar uma solução que preserve a recuperação do Santos Dumont enquanto mantém a competitividade do Galeão. O diálogo aberto visa evitar conflitos que possam prejudicar o desenvolvimento aeroportuário do Rio.
Especialistas recomendam que a questão seja resolvida de forma transparente, promovendo o interesse do município, do Estado e do país. A expectativa é de que novas decisões sejam anunciadas após o encontro, reforçando o compromisso com uma mobilidade aérea eficiente e sustentável na cidade do Rio de Janeiro.




