Com o lançamento previsto de uma versão de Ozempic genérico para chegar ao mercado americano em janeiro de 2026, a Novo Nordisk intensifica seus esforços para sustentar a liderança no segmento de tratamentos para obesidade, que vem perdendo espaço para a concorrência nos Estados Unidos.
Do protagonismo ao avanço da concorrência
A dinamarquesa esteve na linha de frente do boom das injeções para perda de peso, após a descoberta de que o Ozempic, criado inicialmente para tratar diabetes, também auxiliava na redução de peso. A empresa reaproveitou a semaglutida, princípio ativo do medicamento, e relançou o Wegovy, voltado especificamente ao combate à obesidade. Este movimento impulsionou a Novo a se tornar a companhia de capital aberto mais valiosa da Europa.
Entretanto, esse protagonismo começou a ser ameaçado pelo crescimento de versões mais acessíveis e pela forte concorrência da americana Eli Lilly. Sob a liderança do novo CEO, Mike Doustdar, a Novo passou a cortar custos e a reduzir preços para consolidar sua competitividade.
Cópias mais baratas ganham espaço
Outro desafio importante é a proliferação de medicamentos similares derivados das alternativas da Lilly, como o Zepbound, lançado em 2023, que mostrou resultados superiores em estudos comparativos. Segundo analistas ouvidos pela Bloomberg, há expectativas de que as vendas do Zepbound superem as do Wegovy já em 2025.
A Novo admitiu que subestimou a demanda pelo medicamento, o que resultou em escassezas e abriu espaço para farmácias de manipulação venderem versões alternativas com descontos elevados, autorizadas pela FDA durante a fase de falta. Mesmo com o fim da escassez declarado em fevereiro de 2025, regulamentos continuam a permitir ajustes nas fórmulas, facilitando a comercialização de versões mais acessíveis. Estima-se que atualmente mais de 1 milhão de pacientes nos EUA utilizem esses medicamentos alternativos.
Estratégias de reação e perspectivas futuras
Para enfrentar a concorrência e manter sua fatia de mercado, a Novo lançou o programa NovoCare, canal direto ao consumidor nos EUA, oferecendo descontos significativos para quem paga do próprio bolso. A empresa também tentou uma parceria com a plataforma de telemedicina Hims & Hers, sem sucesso até o momento.
Nos planos futuros, a farmacêutica aposta em uma versão de dose mais alta do Wegovy e na expansão dos medicamentos orais, considerados a próxima fronteira do setor. No entanto, a pressão política por preços mais baixos também pesa na estratégia da companhia. Em acordo com o governo Trump, a Novo e a Lilly aceitaram reduzir os preços de seus medicamentos para programas públicos como Medicare e Medicaid, o que pode limitar o crescimento das vendas globais, mas garante benefícios regulatórios, como análise acelerada de novos produtos e isenções temporárias de tarifas.
Segundo especialistas, a tendência de vendas favoráveis às versões genéricas e similares continuará a desafiar a liderança da Novo Nordisk no mercado de tratamentos para obesidade nos EUA. Com os medicamentos de peso em alta, o combate à concorrência diária se torna uma estratégia fundamental para a empresa manter o protagonismo.
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