Os atrasos nas entregas de encomendas pelos Correios têm se intensificado na temporada natalina, agravados pela crise financeira da estatal e pela greve de funcionários em regiões estratégicas, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Segundo fontes, o índice de entregas no prazo caiu para níveis inferiores a 70%, sendo que em algumas regiões esse percentual chega a 50%, deixando pelo menos 30% das encomendas atrasadas neste mês, o pior balanço do ano.
Crise e impactos nas entregas dos Correios
Os dados mostram que, em janeiro, a média nacional de entregas dentro do prazo era de 97,7%. Já em dezembro, caiu para 76,63%, com uma leitura diária de 68,15%, ou seja, cerca de 32% dos pacotes estão atrasados. Esse quadro evidencia a deterioração da qualidade do serviço, que deve afetar ainda mais a confiança dos consumidores na estatal.
Repercussões para os consumidores e os negócios
Consumidores, como Eduarda Kocholi, de Curitiba, têm enfrentado transtornos com encomendas internacionais que desviaram de rota. “Comprava bastante de sites importados e nunca tinha ocorrido isso com tantas compras”, relata ela, que estima prejuízo de R$ 150 devido aos atrasos. Pequenos negócios de comércio eletrônico também sofrem, com registros de aumento na procura por transportadoras privadas. A Jadlog, por exemplo, viu um aumento de 25% na contratação de novos contratos na última semana, enquanto a Loggi registrou um crescimento de 54% no envio de pacotes por pequenas e médias empresas.
Medidas e perspectivas do Correios diante da crise
A direção dos Correios acredita que a melhora na qualidade do serviço depende do pagamento de dívidas com fornecedores e da entrada de recursos financeiros na empresa, que atualmente opera com saldo negativo. Uma das estratégias é a obtenção de um empréstimo de R$ 12 bilhões junto ao Banco do Brasil, Itaú, Banco Bradesco, Santander e Caixa Econômica, aprovado recentemente pela União, com previsão de liberação de R$ 10 bilhões até 31 de dezembro. Os recursos serão utilizados na reestruturação da estatal, incluindo a previsão de desligamento de 15 mil funcionários com planos de demissão voluntária e fechamento de mil agências.
Greve e disputa trabalhista complicam o cenário
O quadro da crise se agravou com a greve de sindicatos regionais, que contestam o acordo coletivo de trabalho proposto pela estatal. A disputa tem gerado novas assembleias e uma negociação mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Além disso, a estatal se recusou a pagar uma gratificação de Natal de R$ 2,5 mil a seus funcionários, o que também contribuiu para o clima de insatisfação.
Consequências para o mercado e os consumidores
A crise tem provocado uma migração significativa de clientes para empresas privadas de logística, que aproveitam os cortes de serviço dos Correios. Pesquisas indicam que a participação da estatal no mercado de entregas oscila entre 40% e 50%, com maior atuação no interior do país, onde a operação é menos rentável e mais dependente de serviços públicos.
Empresários de diferentes setores relatam prejuízos e atrasos que comprometem as vendas de Natal. Luiza Campanelli, dona de uma loja de moda esportiva, aponta que produtos enviados há dias continuam em trânsito, com risco de perda de valor caso sejam devolvidos pelos clientes. Similarmente, Sérgio Fragoso, autor de livros, enfrenta demora de mais de um mês para entregas feitas pelos Correios, comprometendo a relação com os leitores.
Perspectivas futuras e o impacto na imagem do Correios
A situação de crise deve continuar influenciando negativamente a reputação do serviço postal público, acelerando a migração de usuários para transportadoras privadas. Especialistas apontam que, para reverter esse quadro, será necessário um esforço de reinvenção da empresa, conforme sugestão do ex-ministro Haddad, que destaca a importância de soluções inovadoras e parcerias estratégicas para garantir a continuidade do serviço.
O futuro da entrega no Brasil, especialmente neste Natal, depende da recuperação financeira e da resolução dos conflitos trabalhistas, além de melhorias operacionais para atender às crescentes demandas do mercado digital.
Para mais informações, acesse o alerta de atraso nas entregas do Correios às vésperas do Natal.



