Brasil, 22 de dezembro de 2025
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Ciberbullying e deepfakes: caso de estudante nos EUA gera polêmica

Recentemente, um caso de ciberbullying nos Estados Unidos colocou em evidência os perigos das novas tecnologias. Uma jovem de apenas 13 anos, aluna da Sixth Ward Middle School, em Thibodaux, Louisiana, se tornou alvo de imagens nuas manipuladas digitalmente através de inteligência artificial (IA), que rapidamente circularam entre colegas de escola e redes sociais. O incidente não só abalou a vida da adolescente, mas também expôs as falhas na maneira como escolas e autoridades lidam com o ciberbullying.

A gênese do pesadelo

O tormento começou em 26 de agosto, quando a jovem e suas amigas procuraram a conselheira da escola por conta de rumores sobre imagens indecentes. Inicialmente, ninguém acreditou que as imagens existiam. “Quando ela subiu no ônibus da escola, um colega estava mostrando as imagens”, contou a pai da adolescente, Joseph Daniels. Essa situação gerou uma explosão emocional, levando a jovem a atacar o garoto que se acreditava ser o responsável pela criação dos deepfakes.

Apesar de ter agido em um momento de desespero, a garota foi expulsa e enviada para uma escola alternativa por mais de dez semanas, enquanto o aluno acusado de criar e compartilhar as imagens não recebeu punição. As ações desse jovem, que supostamente não foi disciplinado, levantaram questões sobre a equidade dos procedimentos escolares frente a incidentes de assédio.

Desdobramentos e investigações ineficazes

A investigação da escola revelou a criação de imagens nuas de várias estudantes e duas adultas, mas não obteve sucesso em encontrar os responsáveis. A diretora da escola, Danielle Coriell, relatou que nada pôde ser feito na ausência de provas concretas. Em uma análise crítica, especialistas em tecnologia e cibersegurança, como Sergio Alexander, apontam que as escolas ainda estão despreparadas para lidar com a evolução dos métodos de assédio digital.

“Ignorar o dano digital geralmente resulta em um ponto de ruptura, onde a vítima se torna visível somente após o colapso emocional”, afirmou Alexander. Apesar dos protocolos em vigor, a resposta da escola foi considerada insuficiente, levando a jovem a se sentir mais isolada e culpabilizada.

O impacto do ciberbullying na saúde mental

Após a expulsão, a estudante enfrentou sérios problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade, refletindo a intensa pressão social e emocional que sofreu. Seu pai, preocupado com a saúde dela, buscou ajuda profissional. Esse sofrimento psicológico ressalta a necessidade de intervenções adequadas em casos de ciberbullying, especialmente quando as vítimas são adolescentes.

A situação se complicou ainda mais quando outras meninas começaram a relatar experiências semelhantes, sem que fossem tomadas as devidas providências por parte da escola e das autoridades. As informações sobre a qualidade e a eficácia dos programas de ensino sobre bullying digital e cyberbullying são alarmantes, considerando que muitos deles ainda se concentram nos problemas de anos anteriores e não refletem a realidade atual.

Consequências e a necessidade de mudança

O caso da jovem em Thibodaux deixou claras as lacunas em protocolos escolares relacionados ao uso de tecnologia e gerenciamento de crises. Enquanto algumas decisões foram tomadas, como a punição dos garotos envolvidos — resultando em acusações criminais por compartilhamento de imagens não autorizadas — a resposta instável da escola levantou questões sobre como as instituições de ensino podem se adaptar a desafios contemporâneos e proteger os alunos eficazmente.

Organizações educacionais e especializadas em ciberbullying promovem a implementação de novas políticas e a atualização constante dos procedimentos de segurança digital em escolas. É essencial que as escolas avancem na criação de um ambiente que priorize o bem-estar emocional dos estudantes e ofereça suporte eficaz em casos de assédio virtual.

As consequências do assédio digital podem perdurar por anos e resultar em desengajamento escolar, além de impactar negativamente a trajetória acadêmica das vítimas. É um exemplo claro de que, enquanto os jovens estão cada vez mais expostos a novas tecnologias, o acompanhamento e a proteção por parte dos adultos permanecem subestimados e desatualizados.

As ações necessárias vão além da aplicação de punições; é fundamental educar tanto estudantes quanto educadores sobre o impacto devastador do ciberbullying e como a tecnologia pode ser utilizada de forma responsável. Cada episódio deve ser um catalisador para mudanças locais e nacionais na forma como lidamos com a segurança e o bem-estar dos estudantes.

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