Brasil, 22 de dezembro de 2025
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Ricardo Salles é interrogado em caso de contrabando florestal

Na última quinta-feira, 18 de dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) finalizou os interrogatórios relacionados ao caso do deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP), acusado de facilitar o contrabando de produtos florestais durante sua gestão como ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro.

Juntamente com Salles, foram interrogados outros réus, incluindo o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Eduardo Bim, e diversos diretores do órgão. A audiência foi presidida pela juíza Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, e realizada por videoconferência.

A juíza deu por encerrada a audiência de interrogatórios e abriu prazo para que os réus solicitem diligências adicionais, com um período de cinco dias para tais requerimentos. Após essa fase, o magistrado terá um prazo de dez dias para proferir a sentença. Com um total de 22 réus no processo, a conclusão do julgamento está prevista para 2026.

Entrevista com Ricardo Salles

Durante o seu interrogatório, Ricardo Salles se defendeu, afirmando que não foi ele quem indicou Eduardo Bim para a presidência do Ibama, embora tenha participado das indicações de pessoas para cargos diretivos na instituição. Ele argumentou que as mudanças nos servidores do Ibama devem ser compreendidas no contexto da transição de governo. Para Salles, a visão e as soluções implementadas no Ministério eram distintas das adotadas nas duas décadas anteriores.

“Foi a primeira vez em 20 anos que chegou ao Ministério do Meio Ambiente alguém que enxergava a questão e as soluções de maneira distinta”, justificou Salles, explicando a necessidade de trazer pessoas alinhadas a novas visões sobre as questões ambientais.

Interrogatório de Ricardo Salles no Supremo Tribunal Federal
Ricardo Salles durante seu interrogatório no STF

Salles ainda comentou sobre a resistência que, segundo ele, existia no Ministério do Meio Ambiente em relação ao setor privado, considerando a visão predominante como “anti-setor privado”. “Era como se o setor privado fosse um criminoso em potencial”, afirmou.

Contexto da Acusação

A denúncia contra Ricardo Salles foi apresentada em maio de 2020 por um grupo de deputados e senadores de oposição ao governo Bolsonaro, com base em vídeos de reuniões ministeriais realizadas um mês antes. Em uma dessas reuniões, Salles mencionou uma oportunidade de “passar a boiada”, ou seja, aprovar reformas de desregulamentação enquanto a atenção da imprensa estava voltada para a pandemia de Covid-19.

As investigações, iniciadas pela Polícia Federal em maio de 2021 sob a Operação Akuanduba, revelaram que servidores indicados por Salles para cargos de comissão no Ministério do Meio Ambiente poderiam ter agido para favorecer interesses ilegítimos de empresas madeireiras. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a investigação demonstrou uma ação coordenada entre esses servidores com o objetivo de beneficiar essas empresas.

O desenrolar deste caso continua a ser acompanhado com muita atenção, já que os desdobramentos podem ter implicações significativas não somente para os envolvidos, mas também para a forma como o Brasil trata questões de meio ambiente e legislação florestal.

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