A paralisação dos trabalhadores da Petrobras, em vigor há uma semana, ganha um novo desdobramento nesta segunda-feira (22) com uma disputa envolvendo cerca de 50 mil aposentados e pensionistas. A questão central é a tentativa de reduzir ou eliminar descontos de até 20% na folha de pagamento, relacionados aos Planos de Equacionamento do Déficit (PEDs), que vêm sendo cobrados desde 2018.
Descontos de aposentados e pensionistas na mira dos sindicatos
Os sindicatos da Petrobras querem há anos acabar com os descontos extras aplicados aos aposentados, considerados por eles injustos e prejudiciais. A atual greve, que já paralisou toda a operação da estatal nas plataformas das bacias de Santos e Campos, também reforça essa pauta, considerada fundamental no movimento.
Segundo fontes da companhia, a complexidade do tema dificulta uma solução rápida e barata, com valores que podem chegar a bilhões de reais. Uma dessas fontes afirmou ao G1 que “não é uma solução simples, não é uma solução barata… estamos falando de alguns bilhões de reais”.
Negociações e riscos de alongamento do movimento
Entre os esforços para resolver a questão, a Petrobras busca dialogar com sindicatos e o fundo de pensão Petros. No entanto, as negociações se alongam, refletindo a delicada situação, especialmente diante do contexto eleitoral de 2026, que pode atrapalhar avanços e gerar insegurança nas negociações.
Paulo César Martin, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que a questão dos descontos é a principal reivindicação dos trabalhadores e ressalta o potencial de prolongamento da greve. “Nos últimos dois anos e meio, houve avanços, mas essa questão ainda não foi resolvida”, afirmou à Reuters.
Impactos no setor e demandas dos sindicatos
A greve tem provocado paralisações na Refinaria de Paulínia (Replan) e demais ativos da Petrobras, apesar de a companhia tentar minimizar os impactos por meio de equipes de contingência. Os sindicatos também pressionam por melhorias na proposta de acordo coletivo, que oferece apenas 0,5% de ganho real, contra os 3% reivindicados.
Principal reivindicação dos aposentados
Um ponto importante do movimento é a demanda por garantias de redução significativa dos descontos aos aposentados e pensionistas dos Planos de Equacionamento do Déficit (PEDs). Atualmente, cerca de 52,3 mil participantes, incluindo aposentados e pensionistas, pagam entre 15% e 20% de contribuição adicional, valor que teria impacto negativo na renda de quem dedicou anos à estatal.
Sérgio Borges, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e diretor da FUP, destacou que os descontos prejudicam os aposentados, que contribuíram ao longo da vida para a Petrobras. “É um prejuízo para essas pessoas que dedicaram sua vida à estatal”, afirmou Borges.
Perspectivas futuras e tentativas de soluções
A Petrobras afirma manter diálogo ativo com sindicatos e que uma comissão multidisciplinar trabalha na busca de uma solução definitiva para os descontos. Ainda assim, não há previsão de valores exatos para o custo de uma eventual resolução. A Petros, fundo responsável pelos planos de previdência, afirmou tratar o tema com prioridade.
O movimento sindical reivindica uma carta de compromisso da empresa de que os aposentados receberão pelo menos 95% do benefício líquido anterior aos descontos, além da criação de um novo plano de previdência e aprovação de um acordo judicial que encerre ações em andamento contra a Petrobras.
A continuidade da greve, portanto, pode estar diretamente ligada à resolução dessa disputa e às próximas etapas das negociações, que envolvem interesses financeiros e políticos relevantes para toda a estatal.


