Brasil, 22 de dezembro de 2025
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Alexandre de Moraes pressiona Banco Central em favor do Banco Master

O cenário financeiro brasileiro foi marcado por uma série de conversas entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Moraes teria realizado ao menos quatro contatos com Galípolo para interceder em favor do Banco Master, instituição vinculada ao banqueiro Daniel Vorcaro, que enfrenta sérias acusações de fraudes financeiras. Essa pressão levanta questões sobre a influência política sobre a operação do Banco Central em casos de corrupção.

A pressão por apoio ao Banco Master

Os relatos a respeito das conversas foram trazidos à tona por seis fontes distintas nos últimos dias. Em pelo menos três ocasiões, Moraes contatou Galípolo, com um encontro pessoal registrado onde discutiram os problemas enfrentados pelo Banco Master. Durante essas interações, Moraes expressou uma preferência particular por Vorcaro, repetindo argumentos que o banqueiro havia utilizado para defender sua instituição, alegando que o Master enfrentava resistência por estar competindo com grandes bancos.

Entre os pedidos feitos por Moraes ao presidente do Banco Central estava a solicitação para que o BC aprovasse um negócio entre o Banco Master e o BRB, que havia sido anunciado em março, mas dependia de autorização regulatória. Esse momento foi crucial, pois já existiam rumores de um racha entre os diretores do BC sobre a possibilidade de uma intervenção no banco devido a investigações de fraudes.

O desenrolar das investigações

De acordo com informações provenientes de integrantes do Banco Central, os técnicos descobriram irregularidades no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do Banco Master para o BRB. Moraes, ao tomar conhecimento dessas fraudes, supostamente reconheceu que a aprovação do negócio se tornaria impossível se as evidências se mostrassem concretas. Em um desenvolvimento crítico do caso, no dia 18 de novembro, a Polícia Federal prendeu Vorcaro e seis executivos sob acusações de envolvimento nas fraudes, enquanto o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.

O contrato da esposa de Moraes com o Banco Master

A situação se complica ainda mais com as revelações de que Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, possui um contrato de prestação de serviços com o Banco Master. Esse contrato previa o pagamento de R$ 3,6 milhões mensais durante três anos, totalizando cerca de R$ 130 milhões. O documento estipulava que a missão do Barci de Moraes Associados era representar os interesses do banco e de Vorcaro junto ao Banco Central e outras instituições governamentais.

Surpreendentemente, a consulta feita via Lei de Acesso à Informação pelo CADE e pelo Banco Central revelou que nenhuma das instituições havia recebido solicitações ou documentos do escritório em favor do Banco Master. Essa discrepância levanta sérias dúvidas sobre a ética e a transparência nas interações entre o setor privado e as autoridades públicas.

Reação do Banco Central

Durante uma coletiva de imprensa realizada na sede do Banco Central, Galípolo respondeu às perguntas referentes ao Banco Master, afirmando que estava à disposição do Supremo para colaborar com as investigações sobre as fraudes nos créditos repassados ao BRB. Ele destacou que todas as movimentações relacionadas ao caso estão devidamente documentadas e que as ações realizadas no âmbito do Banco Central buscam se resguardar contra pressões externas.

O presidente do Banco Central também admitiu ter enfrentado pressão político, mas garantiu que sempre teve respaldo do presidente Lula para manter a investigação ativa. As autoridades estão cientes da tensão que permeia esse caso, especialmente entre os técnicos do BC, que expressaram medo de retaliação por possíveis depoimentos que poderiam ser requisitados.

A supervisão do TCU

Em uma movimentação significativa, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus, determinou que o Banco Central envie esclarecimentos sobre o processo de liquidação do Banco Master. Essa decisão, além de ser uma medida cautelar, levantou questionamentos, pois o TCU geralmente não possui atribuições para intervir em transações entre instituições privadas do setor financeiro.

O desenrolar desse caso ainda terá desdobramentos, os quais levantarão discussões essenciais sobre a responsabilidade ética e política de figuras públicas em situações onde os interesses financeiros se misturam a pressões institucionais. À medida que a investigação avança, a sociedade civil e o mercado aguardam respostas e esclarecimentos que podem impactar o futuro financeiro do país.

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