No final do dia, na noite mais longa do ano, várias culturas ao redor do mundo realizam rituais enigmáticos na escuridão do inverno. De processões de krampuses na Itália a monstros amarrados em festas na Suíça, esses costumes revelam uma relação profunda do ser humano com a noite e seus mistérios.
Rituais na escuridão do inverno na Europa
Na aldeia suíça de Ziefen, na véspera de Natal, homens com chapéus altos e negros, acompanhados de sinos e varas fumegantes, conduzem uma procissão que parece saída de um filme de terror. Essa tradição, como aponta o antropólogo Susan Greenwood, está ligada a antigas crenças de caçadas de fantasmas, lideradas por deuses como Odin ou Woden na mitologia nórdica.
Na Itália, processões de Krampus — figuras demoníacas com máscaras assustadoras — percorrem as ruas, assustando crianças e adultos durante o inverno. Na Alemanha, monstros cabeludos e peludos emergem em festivais entre Natal e Dia de Reis, reforçando a presença de seres fantásticos na temporada mais escura.
A origem dessas ações na escuridão
Nick Dunn, professor da Lancaster University, explica que o medo associado à escuridão é uma construção relativamente moderna, influenciada pelo cristianismo, que associou o bem à luz e o mal à escuridão. No entanto, a própria ausência de luz carrega um poder ancestral, remanescente de tempos em que o ser humano temia encontros com predadores noturnos.
Significado profundo dos rituais noturnos
Para Dunn, essas manifestações culturais representam uma forma de lidar com o desconhecido, simbolizando a passagem do tempo, o ciclo da vida ou a necessidade de afastar o mal. Greenwood acrescenta que as lendas da Caçada Selvagem, liderada por deuses e atraindo criaturas ferozes, ilustram a relação dos povos com a natureza selvagem e o lado sombrio do mundo.
O que essas tradições revelam sobre nós
Preencher a escuridão com monstros e fantasmas, segundo pesquisadores, é uma maneira de transformar o medo em controle, de dar sentido ao que é irracional. Essas celebrações, embora assustadoras, fortalecem laços sociais e reforçam a cultura de resistência ao desconhecido.
Assim, o que parece ser um momento de terror é, na verdade, uma expressão cultural carregada de significado, refletindo nossa adesão contínua à busca de sentido na noite e na quietude do inverno.
Para entender melhor essas tradições e seu impacto na cultura contemporânea, acesse o artigo original na TIME.
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