Brasil, 21 de dezembro de 2025
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Revitalização da praça em SP gera polêmica com grama sintética

A Praça Rosa Alves da Silva, situada na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, tornou-se o epicentro de um intenso debate entre moradores e autoridades devido à proposta de revitalização que inclui a substituição do gramado natural por grama sintética. A substituição, parte de um projeto da Subprefeitura, visa a instalação de um campo sintético de rugby em uma área atualmente usada como um ‘campão’, que é um espaço verde mesclado com terra batida, destinado ao lazer e práticas esportivas.

Protestos e mobilização da comunidade

A mudança gerou uma onda de protestos locais, culminando em uma mobilização em 15 de abril, que suspendeu o início das obras. A comunidade, unida em torno da proteção do espaço, obteve cerca de 2 mil assinaturas em um abaixo-assinado contra a instalação do gramado sintético. Moradores, como Lina Ceschin, expressaram suas preocupações, destacando a falta de comunicação prévia por parte da Subprefeitura e que a nova instalação poderá restringir o uso coletivo, além de danificar o meio ambiente.

Lina destacou: “Nós fizemos um protesto no dia que chegaram as escavadeiras, e só deixamos o local quando tivemos certeza de que as obras não iriam ocorrer.” Entretanto, a Prefeitura de São Paulo anunciou um orçamento para a obra original de R$ 4.489.504,22, que agora se elevou para R$ 5.588.004,16 após um pedido de reajuste por parte da empresa responsável.

Preocupações ambientais e impactos ao espaço público

O debate sobre a instalação da grama sintética não se limita apenas à questão estética ou ao lazer. Profissionais como o botânico e arquiteto paisagista Ricardo Cardim levantaram sérias questões sobre os impactos ambientais do projeto. Segundo Cardim, a grama sintética pode transformar a praça em uma verdadeira ilha de calor, elevando a temperatura do espaço e liberando microplásticos no solo e na água.

“Eu não gosto de grama sintética para nada. Estudos apontam a toxicidade das borrachas usadas, e as temperaturas podem chegar a 70°C sob a luz solar,” comentou o especialista. Ele propõe soluções mais sustentáveis, como o uso de pisos permeáveis, que oferecem características ecológicas e são mais amigáveis ao ambiente, ao contrário da grama sintética, que pode prejudicar o ecossistema local.

A gestão da praça e uso coletivo

A praça Rosa Alves da Silva possui uma importante função social, servindo como um ponto de encontro para diversas atividades, desde o jogo de futebol até o passeio com cães. Moradores temem que a implementação da grama sintética possa restringir o acesso e a circulação de animais, uma vez que as regras de uso poderiam ser alteradas com a possível gestão do campo por entidades esportivas.

Além disso, Lina Ceschin alertou sobre a presença de nascentes na área e a importância da convivência harmônica entre os diferentes grupos que utilizam o espaço: “Grama sintética corta e queima, e mesmo com uma drenagem correta, há um enorme risco de contaminação por microplásticos na rede fluvial.”

A posição da Prefeitura

Em resposta ao clamor popular, a Subprefeitura da Vila Mariana se posicionou, afirmando que a revitalização da praça visa aumentar as opções de lazer e atividades disponíveis para a população, sem comprometer as práticas esportivas já existentes. A nota também destacou a implementação de uma nova rede de drenagem e a reforma do espaço, buscando melhorar a infraestrutura do local.

Após as investigações sobre os riscos de alagamentos na área, a Administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) reiterou que a Vila Mariana possui 39 jardins de chuva que ajudam na infiltração de água no solo. No entanto, testemunhos de moradores fortalecem a preocupação com eventos de alagamento na região, desafiando essa afirmação.

Desafios e o futuro da praça

O futuro da Praça Rosa Alves da Silva permanece incerto em meio ao clamor comunitário. Enquanto os moradores defendem a manutenção do gramado natural e pedem por um projeto que leve em consideração a integridade ecológica e social do espaço, a Prefeitura busca avançar com a revitalização proposta. O diálogo entre as partes ainda é fundamental para encontrar um meio-termo que respeite tanto as necessidades de infraestrutura quanto as preocupações com o meio ambiente e o uso coletivo do espaço.

As próximas semanas serão cruciais para o desdobrar dessa questão, pois a comunidade se organiza para garantir que a voz dos moradores seja ouvida e que seus direitos ao uso do espaço público sejam respeitados.

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