Vivemos em uma era onde a certeza é frequentemente confundida com a chatice. A reflexão do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser ecoa em nosso cotidiano e, mais especificamente, nas narrativas que cercam o futebol brasileiro. Estamos testemunhando a grande final da Copa do Brasil entre Vasco e Corinthians, dois times que têm histórias entrelaçadas de glória e dificuldades. Diante da expectativa de uma partida emocionante, é essencial refletir sobre o que levou ambos os clubes até aqui e como suas trajetórias podem ditar o futuro.
O passado turbulento do Vasco
Os anos em que Eurico Miranda liderou o Vasco foram tudo menos monótonos. A série documental “A mão do Eurico”, disponível no Globoplay, revela a reviravolta de sua administração, que, embora controversa, deixou uma marca indelével no clube. Durante sua gestão, o Vasco vivenciou altos e baixos, resultando em consecutivos rebaixamentos no Campeonato Brasileiro, um preço alto a se pagar por decisões discutíveis. O torcedor, que esperava momentos de alegria, acabou se deparando com uma realidade dura.
Atualmente, sob a presidência de Pedrinho, o clube tenta se reerguer após os desgastes do passado. A SAF (Sociedade Anônima do Futebol) foi vista como um caminho para a salvação, mas a parceria com a 777 não teve o efeito esperado. Pedrinho, enfrentando desafios significativos, buscou reverter a situação ao criticar abertamente a qualidade do elenco e apostando em contratações prudentes, embora tenha incorrido em polêmicas ao afirmar que o time contava com o oitavo melhor elenco do país.
O Corinthians: entre crises e contratações ousadas
Do outro lado do campo, o Corinthians optou por seguir uma abordagem audaciosa, mesmo enfrentando uma dívida que supera R$ 2 bilhões. A contratação de jogadores renomados, como o holandês Memphis Depay, é uma tentativa de revitalizar o time e satisfazer uma torcida exigente. No entanto, essa estratégia não veio sem seus desafios, incluindo o impeachment de presidentes e investigações de fraudes relacionadas a dirigentes. Tais eventos deixam claro que, no futebol, a intriga e a luta pelo poder muitas vezes superam a paixão pelas vitórias.
O desafio da final e suas implicações futuras
A final da Copa do Brasil, que coloca frente a frente estas duas equipes, é mais que apenas uma competição esportiva. Representa o símbolo de esperança para as torcidas que aguardam ansiosamente por um momento de conquista. Vasco e Corinthians, décimo terceiro e décimo quarto colocados do Campeonato Brasileiro, têm a chance de agregar prestígio e uma boa quantia financeira à sua conta, além da cobiçada vaga para a Libertadores ao vencedor. Levantar a taça traria um alívio temporal para ambas as torcidas, mas a pergunta que paira no ar é: isso realmente indicará quem fez as escolhas certas em suas jornadas até aqui?
Em suma, a final da Copa do Brasil não é apenas uma disputa por títulos; é um reflexo das passagens tumultuadas que tanto Vasco quanto Corinthians enfrentaram. Independentemente do resultado, as lições tiradas dessa final moldarão esses clubes para o futuro, demonstrando que, no futebol, assim como na vida, o caminho trilhado é tão importante quanto a conquista final.
Assim, Vasco e Corinthians se enfrentam na esperança de trazer alegria a suas torcidas, mas a verdadeira vitória, muitas vezes, está nas decisões que se tomam fora de campo.


