O ex-ministro da Justiça durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Tarso Genro, tem promovido um debate crucial sobre segurança pública no Brasil. Em recente seminário do Partido dos Trabalhadores (PT), ele defendeu a divisão da atual pasta e a recriação do Ministério da Segurança Pública. Essa proposta surge em um cenário onde a violência e o crime organizado parecem ter deixado marcas profundas na estrutura política e social do país.
A dificuldade da colaboração entre estados e União
Após participar da implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro, Tarso constatou que, atualmente, a colaboração entre o governo federal e os estados se tornou mais complexa. Segundo ele, “o crime penetrou no Estado”, tornando necessária uma resposta mais robusta e específica por parte das autoridades. O ex-ministro critica a corrente que defende a redução da maioridade penal e sugere que a solução deve ser diferente: “O que eu defendo é a construção de penitenciárias socioeducativas para jovens entre 18 e 25 anos”, disse, destacando a importância de um atendimento individual e profissional, ao invés de encarceramento em massa.
O avanço da violência e suas implicações políticas
O aumento da aceitação popular em relação a operações policiais, mesmo aquelas que resultaram em tragédias, como a que deixou 122 mortos no Rio, pode ter implicações sérias nas próximas eleições. Tarso Genro comenta que é preocupante ver os partidos se alinhando a discursos que promovem uma polícia mais violenta. “Estamos nos alinhando a regimes autoritários, o que não é aceitável”, afirmou. Ele destaca que o PT deve se desprender da ideia de que os criminosos são sempre produto de problemas sociais, sugerindo que essa visão é restrita e tem raízes em paradigmas dos anos 60 e 70.
O papel do estado na questão das drogas
A questão da legalização das drogas também foi levantada em sua fala. Para Tarso, essa é uma discussão que precisa ocorrer apenas quando houver um controle real sobre as substâncias ilegais que atravessam as fronteiras do Brasil. Ele argumenta que a liberalização, sem um controle prévio, aumentaria os danos e o poder do mercado ilegal de drogas.
A posição do PT e as manobras políticas
Ainda no contexto de possíveis mudanças nas políticas relacionadas à segurança, Tarso se posiciona contra a redução da maioridade penal. Ele acredita que essa medida é contraproducente e sugere esforços para a construção de sistemas socioeducativos mais efetivos. Além disso, discute a proposta de criação de uma polícia municipal armada, questionando os reais objetivos por trás dessa ideia e seu alinhamento com a realidade da segurança pública no Brasil.
Construindo um futuro seguro
Ao olhar para o futuro, especialmente para as eleições de 2026, Tarso Genro enfatiza a necessidade de um programa claro e bem fundamentado que defenda a Constituição e vá além da mera retórica política. Ele acredita que o governo deve priorizar a segurança pública, excluindo partidos que estejam envolvidos com corrupção e que protejam o crime organizado. “É necessário ir a fundo na questão da segurança pública e estabelecer uma posição clara e firme”, finaliza.
Em meio a uma sociedade cada vez mais preocupada com a violência, as reflexões de Tarso Genro reforçam a necessidade urgente de uma abordagem que balanceie segurança com direitos humanos, visando construir um futuro onde a paz e a justiça possam prevalecer.



