Com a pauta econômica prioritária aprovada e sem urgências legislativas imediatas, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encaminha para o ano de 2026 em um ambiente mais previsível no Congresso. Após um fim de ano marcado por esforços da Câmara para destravar pautas polêmicas, aliados do governo acreditam que o relacionamento entre os Poderes se tornará mais calmo.
A nova dinâmica entre o governo e o Congresso
A expectativa de um 2026 menos conturbado se intensifica com a aproximação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o Palácio do Planalto. Essa nova dinamicidade é vista como essencial para influenciar a tramitação de projetos importantes que ficaram pendentes, como o PL Antifacção e a PEC da Segurança Pública. A relação estreita entre Motta e o governo pode favorecer a aprovação dessas iniciativas, que devem avançar com menos resistência.
O próprio presidente da Câmara já sinalizou sua intenção de “limpar a pauta” legislativa antes do recesso. Acelerando as votações no final de 2025, Motta parece determinado a iniciar o próximo ano sem a pressão de projetos polêmicos, evitando assim que esses temas contaminem o ambiente político-eleitoral.
Resultados alcançados e desafios futuros
Durante os anos de 2023 e 2024, o governo conseguiu aprovar diversas iniciativas importantes de sua agenda econômica, reduzindo assim a dependência do Congresso em um ano eleitoral. Entre as principais conquistas está a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com salários de até R$ 5 mil, um dos pontos centrais da terceira gestão de Lula. A proposta, que recebeu amplo apoio, facilitou um aumento na faixa de renda isenta, que agora inclui valores até R$ 7.350.
- Além dessa vitória, o governo também aprovou um conjunto de medidas fiscais que estruturaram um novo regime fiscal e ajustaram regras de arrecadação presumindo aumentar a previsibilidade das contas públicas.
- Não obstante, nem todas as pautas correram conforme os planos do executivo. A aprovação do PL da Dosimetria, bastante contestado, mostra que ainda existem desafios a serem enfrentados, uma vez que o presidente Lula já indicou que pode vetar essa proposta no futuro.
Preparações para 2026
Outros projetos relevantes, como a PEC da Segurança Pública, também estão sendo aguardados para retomada em 2026. Este tema se posiciona como crucial na agenda eleitoral do próximo ano, e, devido ao apoio que se estende por diferentes campos políticos, acredita-se que as propostas possam avançar com mais facilidade no Legislativo. Recentes pesquisas de opinião têm mostrado um panorama positivo para o governo, indicando uma favorável posição de Lula para as próximas eleições.
No entanto, a preocupação com a oposição também deve ser levada em conta. O último levantamento da Quaest revelou uma força emergente na pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro, apesar dos altos índices de rejeição que cercam sua imagem. Lula reforçou sua confiança em relação a 2026 durante um evento em São Paulo, onde declarou que “dará uma surra na extrema-direita” nas próximas eleições.
Com essa nova abordagem entre a Câmara e o Palácio do Planalto, a tendência é que a relação se fortaleça na aproximação do pleito, o que terá impactos diretos na estratégia eleitoral de Motta na Paraíba, seu principal reduto político. À medida que o Congresso se prepara para um novo ciclo de debates e votações, as articulações políticas prometem ser intensas, e o governo Lula terá um papel central nesse processo.
