Brasil, 20 de dezembro de 2025
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Cacau em queda: por que o chocolate ainda segue caro?

Os preços do cacau, que atingiram recordes históricos no ano passado, estão em forte declínio, tendo acumulado a maior queda anual desde 1960. Apesar da redução dos custos do grão, o valor do chocolate no varejo permanece elevado, beneficiando-se de uma cadeia produtiva ainda pressionada pelas altas anteriores.

Cenário do mercado do cacau e seus efeitos na indústria

Os contratos futuros do cacau quase triplicaram em 2024, impulsionados por doenças e condições climáticas extremas na Costa do Marfim e Gana, principais fornecedores globais. No entanto, após melhorias na safra e redução na demanda, os preços despencaram, passando de quase US$ 13 mil para cerca de US$ 6 mil por tonelada neste mês.

“Os preços com os quais a indústria do chocolate está trabalhando atualmente são muito altos e dolorosos”, afirmou Jonathan Parkman, chefe de vendas agrícolas da corretora Marex Group, em Londres. “Vai levar bastante tempo para absorver essa alta nos custos.”

Impacto nos fabricantes e consumidores

Indústrias de chocolates, desde grandes marcas a pequenos artesanais, enfrentam dificuldades financeiras e lutam para equilibrar custos e margens de lucro. A fabricante alemã Lambertz, por exemplo, acumulou cerca de €150 milhões em custos extras devido ao reforço de estoques de cacau caro, elevando o preço final dos produtos de Natal.

Apesar da desaceleração do mercado do cacau, os chocolates continuam com preços elevados nas prateleiras. Em novembro, barras tradicionais como Milka, da Mondelez, e Toffee Crisp, da Nestlé, já apresentavam redução no peso ou aumento de preços, refletindo as dificuldades de reverter o cenário de custos altos.

Perspectivas para o futuro do cacau e do chocolate

Especialistas e fabricantes avaliam que a recuperação de margens será gradual, com previsões de que a redução de preços do cacau só comece a se refletir no varejo a partir do segundo semestre de 2026. A oferta na África Ocidental permanece frágil, com agricultores enfrentando falta de investimentos e recursos para expandir a produção.

“Os desafios estruturais de longo prazo ainda não foram resolvidos”, afirmou Peter Feld, diretor-presidente da Barry Callebaut. “O chocolate ficou barato demais por tempo demais, e a recuperação será lenta.”

Repercussões na indústria e nos preços ao consumidor

Para mitigar perdas, muitas empresas reduziram o teor de cacau ou o tamanho das porções. Algumas, como a Lambertz na Alemanha, continuam com estoques robustos e aguardam uma melhora na relação de custos. A expectativa é que, até então, a única forma de diminuir os preços ao consumidor seja por meio de promoções temporárias, sem uma reversão definitiva na tendência de alta.

Segundo analistas e executivos do setor, a volatilidade do mercado de cacau é uma realidade que exigirá calma e estratégias de longo prazo. “Provavelmente não conseguiremos devolver tudo”, afirmou Allyson Myers, da Lake Champlain Chocolates. A incerteza ainda paira, e a volatilidade deve se manter até que melhorias estruturais sejam implementadas na produção africana.

Para mais detalhes, acesse a reportagem completa em O Globo.

#Tags sugeridas: economia, cacau, chocolate, commodities, inflação

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