Brasil, 20 de dezembro de 2025
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A nova era do corporativismo estatal nos Estados Unidos

Nos últimos meses, a administração Trump tem promovido um modelo de corporativismo estatal, que implica um envolvimento sem precedentes do governo na propriedade e operação de empresas privadas nos Estados Unidos. Este fenômeno, que não se encaixa perfeitamente nem no capitalismo nem no socialismo, levanta questões sobre as implicações políticas e econômicas dessa abordagem inovadora, mas preocupante.

A natureza do corporativismo estatal

O termo “corporativismo estatal” refere-se à estreita relação entre o governo e as empresas, diferenciando-se de sistemas como o socialismo, onde há controle total do governo sobre os meios de produção. Enquanto no socialismo a propriedade é coletiva e os recursos são redistribuídos conforme a necessidade, no atual cenário americano, o governo não é o único, nem a maioria, proprietário das empresas visadas. As ações do governo têm sido direcionadas a empresas específicas, e o cidadão comum está recebendo apenas uma fração do que essas empresas geram.

O que começou como uma abordagem tímida no verão se transformou em um fluxo significativo de acordos que envolvem participações acionárias diretas por parte do governo em várias empresas. O caso da U.S. Steel, que recebeu um “golden share” — uma participação que permite ao governo controlar algumas decisões do negócio — é apenas um exemplo dessa nova estratégia. Desde então, acordos similares foram estabelecidos com a Intel, Nvidia e outras, provocando um impacto disruptivo no mercado.

Os riscos do corporativismo estatal

A introdução de participações estatais em empresas privadas traz uma série de riscos. Primeiramente, isso pode comprometer a viabilidade a longo prazo das empresas, empurrando-as a fazer escolhas motivadas por interesses políticos em detrimento de razões comerciais. Por exemplo, a U.S. Steel foi pressionada a reiniciar um forno obsoleto em vez de modernizar suas instalações devido às influências do governo.

Além disso, o corporativismo estatal pode prejudicar empresas que competem ou que desejam fazer negócios com essas companhias privilegiadas. A possibilidade de uma empresa estatal ter acesso a melhores condições de venda, tarifas e regulamentações cria um ambiente desigual que gera ineficiências no mercado. Essa desigualdade pode resultar em alocação inadequada de capital, onde investidores se concentram em empresas favorecidas pelo governo em vez de em startups inovadoras.

Questionando a necessidade de intervenção

Adicionalmente, a falta de uma justificativa sólida para os investimentos do governo suscita dúvidas sobre essa nova abordagem. Muitas das dificuldades enfrentadas pelas empresas de tecnologia e recursos minerais podem ser resolvidas por meio de reformas regulatórias e políticas de mercado já existentes, em vez de intervenções governamentais diretas que distorcem o mercado. A recente descoberta de grandes reservatórios de minerais críticos em Utah por uma empresa privada, que não contou com investimento governamental, exemplifica a eficácia de soluções baseadas no mercado.

O futuro incerto do corporativismo estatal

À medida que essa nova forma de interação entre governo e empresas se estabelece, as perspectivas são preocupantes. As distorções associadas ao corporativismo estatal, como o clientelismo e a alocação inadequada de capital, podem se proliferar sem aviso. Além disso, a falta de resistência significativa da comunidade empresarial e do governo indica que essa prática pode se solidificar como parte da nova norma nos Estados Unidos. A possibilidade de um próximo presidente continuar ou até expandir essas políticas aumenta as preocupações sobre a direção futura da economia.

A administração Trump, portanto, não apenas desafia a tradição histórica de políticas de não intervenção, mas também redefine a relação entre o governo e o setor privado de maneiras que podem ter consequências de longo alcance. Enquanto o corporativismo estatal pode parecer uma solução rápida para problemas imediatos, suas repercussões podem reverberar por gerações, exigindo um exame cuidadoso e um debate contínuo sobre o papel do governo na economia.

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