Brasil, 20 de dezembro de 2025
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Corrida altera percepção de tempo, revela estudo

Um estudo publicado na revista Scientific Reports descobriu que correr influencia a forma como percebemos o tempo. Os pesquisadores notaram que esse efeito é impulsionado pelas demandas mentais de controlar os movimentos, e não pela exaustão física.

O que sabemos sobre a percepção do tempo

A percepção humana do tempo raramente se alinha perfeitamente ao tempo real. Experiências cotidianas, como esperar em uma fila ou suportar uma tarefa monótona, podem parecer mais longas do que realmente são. Pesquisas anteriores mostraram que atividades físicas, como ciclismo, caminhada e corrida, podem impactar essas distorções temporais.

No entanto, o mecanismo subjacente permanecia incerto. Alguns cientistas argumentaram que mudanças fisiológicas, como aumento na frequência cardíaca ou liberação de hormônios, seriam as responsáveis. Outros propuseram que fatores cognitivos, especialmente os recursos de atenção necessários para gerenciar movimentos complexos, desempenham um papel mais significativo.

A pesquisa de Tommaso Bartolini e sua equipe

Comandada por Tommaso Bartolini, do Instituto Italiano de Tecnologia, a equipe de pesquisa buscou esclarecer se as distorções na percepção do tempo durante a corrida são de origem fisiológica ou cognitiva. Correr em uma esteira requer um controle motor cuidadoso, que pode exigir mais atenção. Comparando a corrida com outras condições que envolvem menor esforço físico, mas que ainda requerem recursos cognitivos, o objetivo era isolar a fonte desse efeito.

Metodologia do estudo

O estudo envolveu 22 participantes (10 mulheres), com idade média de 26 anos. Cada participante foi solicitado a memorizar um estímulo visual de dois segundos (um quadrado azul exibido na tela) e, em seguida, julgar se os estímulos subsequentes duravam o mesmo tempo. Essa tarefa foi realizada em quatro condições: parado (linha de base), correndo em uma esteira a 80% da frequência cardíaca máxima, caminhando para trás na esteira ou parado enquanto realizava uma tarefa de memória visual paralela (dual task).

A frequência cardíaca foi monitorada durante as sessões de corrida e de caminhada para trás para medir o esforço físico, enquanto foi registrada por um minuto antes das sessões de linha de base e dual task. Os pesquisadores então analisaram a precisão e a exatidão dos julgamentos de tempo dos participantes em cada condição.

Resultados e suas implicações

Os resultados revelaram um padrão consistente. Em todas as três condições experimentais (corrida, caminhada para trás e a dual task), os participantes superestimaram a duração dos estímulos em comparação à linha de base. Por exemplo, durante a corrida, um estímulo que durava aproximadamente 1,8 segundos foi percebido como tendo a mesma duração que o estímulo de dois segundos, representando uma superestimação de quase nove por cento. A caminhada para trás e a dual task produziram distorções semelhantes de cerca de sete por cento.

Importante destacar que essas distorções não se correlacionaram com mudanças na frequência cardíaca. Embora a corrida elevasse a frequência cardíaca de forma substancialmente maior do que a caminhada para trás, a magnitude da distorção temporal foi praticamente idêntica. Isso sugere fortemente que o efeito não é impulsionado pela exaustão fisiológica, mas sim pelo esforço cognitivo exigido para controlar o movimento ou dividir a atenção.

Os pesquisadores concluíram que, embora a percepção da duração tenha sido distorcida, a precisão dos juízos dos participantes permaneceu estável. Isso indica que, embora sua percepção de duração estivesse enviesada, sua capacidade de reproduzir esse viés de forma confiável não foi afetada.

Limitations e direções futuras

Algumas limitações devem ser observadas. Por exemplo, o estudo focou exclusivamente na corrida e nos estímulos visuais, deixando em aberto questões sobre se efeitos semelhantes ocorrem com outras atividades ou modalidades sensoriais.

O estudo, intitulado “O papel do esforço físico e cognitivo na percepção do tempo,” foi realizado por Tommaso Bartolini, Irene Petrizzo, Roberto Arrighi, e Giovanni Anobile.

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