Às vésperas de completar um mês preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um momento delicado. Ele aguarda a definição da data para a realização de uma cirurgia autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que visa tratar de duas hérnias inguinais diagnosticadas recentemente. A realização do procedimento, no entanto, depende da defesa, que ainda precisa informar ao Judiciário a programação e a data prevista para a intervenção.
Pedido para cirurgia: o que sabemos
No último domingo (14/12), Bolsonaro foi submetido a exames de ultrassonografia que identificaram a presença de duas hérnias inguinais, condição que requer intervenção cirúrgica para um tratamento definitivo. Na segunda-feira, a defesa do ex-presidente solicitou autorização ao ministro Alexandre de Moraes para a “realização urgente de procedimento cirúrgico”.
A autorização e os laudos médicos
O ministro Moraes, após receber os exames e laudos médicos apresentados pela defesa, determinou que os documentos fossem analisados por peritos da Polícia Federal. Além disso, foi exigida uma perícia médica, que ocorreu na quarta-feira (17/12). Finalmente, na sexta-feira (19/12), Moraes concedeu a autorização para o procedimento cirúrgico, que o laudo médico iniciou como eletivo, o que implica que a cirurgia não é considerada uma emergência, mas deve ser realizada o mais breve possível para evitar complicações maiores.
No documento analisado pelo ministro, os peritos da PF indicaram que, embora a cirurgia não seja considerada emergencial, é importante que seja feita rapidamente devido à piora do quadro clínico de Bolsonaro, que poderia levar a problemas mais graves, caso a situação se agrave.
Sobre a condição médica de Bolsonaro
Jair Bolsonaro está detido desde 22 de novembro, após uma condenação a 27 anos e 3 meses de prisão, relativa a um processo por tentativa de golpe. Atualmente, ele cumpre pena em regime fechado e, durante este período, tem enfrentado uma série de questões de saúde. Na mesma decisão que autorizou a cirurgia, o ministro Moraes negou o pedido da defesa para a conversão da pena em prisão domiciliar, com a justificativa de que a legislação brasileira permite essa medida apenas para condenados em regime aberto, o que não se aplica ao ex-presidente.
Entendendo a hérnia inguinal bilateral
A hérnia inguinal é uma condição em que uma parte do intestino ou outro tecido interno “escapa” através de um ponto enfraquecido na musculatura abdominal, formando um caroço ou inchaço significativo na virilha, que pode causar dor e desconforto. Segundo a perícia médica do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, o ex-presidente apresenta hérnia inguinal bilateral, afetando ambos os lados da virilha.
Exames realizados em agosto de 2025 não indicavam a presença da doença. Contudo, em novembro, médicos identificaram clinicamente uma hérnia em um dos lados, enquanto relatórios subsequentes mantiveram o diagnóstico. Em dezembro, novos exames confirmaram que a condição se agravou, afetando agora ambos os lados da região inguinal. De acordo com a análise dos peritos, a piora pode estar relacionada a um aumento da pressão abdominal, possivelmente ocasionado por episódios de soluços persistentes e tosse crônica, além de desconfortos na virilha, dificuldades para dormir e problemas alimentares. O laudo, no entanto, destaca que ainda não houve complicações graves.
Assim, o ex-presidente aguarda a definição da data para a cirurgia, um momento crucial que se soma à complexa situação jurídica e de saúde que enfrenta em Brasília.
