Enquanto a cidade de São Paulo se prepara para a escuridão da noite, um outro mundo começa a fervilhar à medida que os estabelecimentos 24 horas recebem uma multidão de pessoas em busca de diversão, comida e bebida. Esses lugares, que operam madrugada adentro, possibilitam que a vida noturna paulistana se mantenha ativa, refletindo as mudanças e desafios enfrentados na última década. Nesta reportagem do g1, uma equipe passou a noite em diversos barzinhos da cidade, como o Riviera, o Bar Estadão e o BH Lanches, para desvendar os segredos de como funcionam esses estabelecimentos que nunca fecham.
A rotina de bares 24 horas em São Paulo
Iniciando a jornada às 21h e se estendendo até as 7h30 do dia seguinte, a reportagem focou em como esses locais se organizam para atender tanto os notívagos quanto os early birds. O Riviera Bar, que reabriu suas portas em 2013 após um período fechado, tornou-se um dos favoritos entre os frequentadores da capital, funcionando 24 horas desde 2019. O gerente operacional, Márcio Rogério Pedro, conta que a equipe é dividida em três turnos, com um total de 60 funcionários fixos e freelancers, permitindo que o bar funcione ininterruptamente.
Os desafios da equipe
Trabalhar em um bar que nunca fecha traz desafios únicos. Kaique, um garçom, explica que os turnos noturnos trazem uma atmosfera diferenciada e exigem atenção contínua, já que muitos clientes podem exagerar na bebida. Dandara, uma bartender que trabalha na madrugada, também menciona que a adaptação a um novo horário de trabalho foi difícil inicialmente, mas que agora se sente em casa no ambiente noturno. “Você faz outros amigos e cria novos vínculos”, diz.
Ambiente e perfil dos clientes
O perfil dos frequentadores varia bastante ao longo da noite. Aos poucos, os jovens em “dates” vão ocupando as mesas, enquanto os grupos de amigos fazem barulho, criando uma atmosfera descontraída. Vander Borges, coordenador do bar, destaca que o Riviera se tornou um hotspot para encontros românticos, propiciado por seu ambiente intimista e aconchegante. No entanto, isso se transforma após a meia-noite, quando começam a chegar pessoas vindo de festas em busca de uma bebida ou um lanche.
Uma experiência culinária 24 horas
A cozinha do Riviera, liderada pelo cozinheiro Rayvin, não para. As equipes trabalham em rodízio, servindo pratos tradicionais e drinques clássicos enquanto a festa continua. Rayvin, que veio do Peru, descreve o ambiente da cozinha como uma adrenalina constante, onde a intuição do cozinheiro é crucial. Em contraste, o BH Lanches, mais simples em comparação, funciona também 24 horas, mas sua clientela se concentra principalmente em quem está em pausa, como os seguranças locais.
Limpeza e organização nos estabelecimentos
A limpeza é uma parte crucial para esses bares sempre abertos. No Riviera, a equipe não espera o bar fechar para manter a higiene; limpezas são realizadas continuamente ao longo da noite, garantindo um ambiente agradável para todos. O Bar Estadão, que opera em um sistema similar, realiza seu processo de limpeza em turnos para garantir que tudo esteja em ordem para o próximo dia.
Como a madrugada molda a experiência
Depois das 5h, a atmosfera muda significativamente. Enquanto muitos clientes já estão esmorecendo, o movimento em algumas áreas ainda permanece animado. No entanto, uma prática única do Riviera se destaca: a venda de bebidas alcoólicas é suspensa entre 6h e 10h. Essa ação é uma tentativa de evitar excessos e promover um ambiente mais saudável. “Não queremos que a pessoa fique mal. Queremos que ela saia, volte e continue em outro momento”, explica Márcio.
Esses estabelecimentos representam mais do que apenas locais de diversão; eles refletem o pulso de uma metrópole que nunca dorme. São Paulo, com sua vida noturna vibrante, prova que sempre há um espaço para a diversão, a comida e a convivência, independentemente da hora. O desafio contínuo é manter a segurança e o bem-estar de todos os frequentadores, garantindo que a vida noturna continue a brilhar sob as luzes da cidade.
