O deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) destacou-se como o único membro do Partido Liberal a apoiar a decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que resultou na cassação dos mandatos dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A medida, que foi impulsionada por um ato administrativo e não votada em plenário, ocorre em um contexto de tensões internas no partido e surpreende aliados e opositores.
Decisão controversa na Câmara dos Deputados
Na tarde desta quinta-feira, a Mesa Diretora anunciou a cassação dos mandatos de Bolsonaro e Ramagem, decisão que gerou um descontentamento significativo dentro do Partido Liberal. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, expressou seu lamento pela assinatura de Rodrigues, que, segundo ele, representa um ato de traição a dois colegas de partido. “É uma triste informação”, declarou Cavalcante, que também se recusou a assinar a cassação.
A relação de Rodrigues com Trump e Moraes
Antonio Carlos Rodrigues não é desconhecido das controvérsias. Em 2021, ele chegou a ser expulso do PL devido a suas críticas ao então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por defender o ministro Alexandre de Moraes, alvo de ataques de figuras da direita brasileira. A decisão de expulsar Rodrigues foi revertida após o Conselho de Ética do partido reconhecer que sua manifestação estava dentro dos limites da liberdade de expressão, apesar das divergências com a maioria dos membros da sigla.
Rodrigues criticou a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, chamando a medida de “absurda”. Em entrevistas, ele destacou o talento e a competência do ministro, repudiando a intromissão de Trump nos assuntos internos do Brasil. “Vandalismo é crime”, afirmou em postagens publicadas após os ataques de 8 de janeiro, onde protestos golpistas foram desencadeados.
A trajetória política de Antonio Carlos Rodrigues
Antonio Carlos Rodrigues, aos 64 anos, iniciou sua carreira política como procurador em 1979 e ao longo dos anos ocupou diversos cargos, incluindo o de vereador em São Paulo e ministro dos Transportes na gestão de Dilma Rousseff. Sua trajetória inclui passagens pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, onde se notabilizou por defender propostas de interesse público.
Em 2022, Rodrigues foi eleito com mais de 73 mil votos, marcando sua volta após um período de inatividade na Câmara. Desde então, ele tem se mostrado disposto a divergir das linhas mais controvertidas que predominam no PL. Seu histórico de posicionamentos o distingue, principalmente em momentos em que muitos colegas do partido se alinharam em defesa de medidas e figuras mais polêmicas.
O futuro de Rodrigues no PL
Com o desdobramento recente da cassação, está em questão o futuro político de Rodrigues dentro do PL. O líder da sigla, Sóstenes, evitou comentar sobre possíveis punições para o deputado, ressaltando que o tratamento de tais questões cabe aos fóruns internos do partido. A expectativa é que as discussões sobre os rumos da sigla e a resposta a esta inesperada aliança de Rodrigues com a Mesa Diretora gerem novas tensões e provocações.
A reação do PL e de seu presidente Valdemar Costa Neto, que já havia classificado os posicionamentos de Rodrigues como “ignorância sem tamanho”, indicam que a estabilidade do partido pode estar sob ameaça, especialmente à medida que Rodrigues continua a se afastar dos alinhamentos tradicionais dos parlamentares bolsonaristas.
As implicações da cassação dos mandatos dos colegas de partido, combinadas com a agenda política tumultuada do Brasil, fazem deste um momento crucial para Rodrigues e para o próprio Partido Liberal. Será fundamental agora acompanhar os desdobramentos dessa situação, que pode levar a crises internas e uma reavaliação de estratégias políticas a curto e médio prazo.



