O renomado jornalista investigativo Seymour Hersh, de 88 anos, é o foco do documentário “Cover-Up”, dirigido por Mark Obenhaus e Laura Poitras, que estreia em 26 de dezembro na Netflix. A produção mostra momentos marcantes de sua carreira, marcada por expor encobrimentos do governo desde a Guerra do Vietnã até a Guerra do Iraque.
Uma carreira dedicada a revelar segredos e verdades
Hersh, nascido em Chicago, cresceu ajudando o pai em um negócio de lavanderia. Durante a faculdade, um professor de inglês percebeu seu talento para a escrita e incentivou sua inscrição na Universidade de Chicago. Lá, seu talento foi afinado, e ele começou a trabalhar na City News, onde se tornou repórter policial, apaixonando-se pelo jornalismo de investigação.
Segundo Hersh, sua experiência na cobertura da máfia e da polícia de Chicago foi fundamental para moldar sua habilidade de descobrir mistérios e confrontar abusos de poder. Ele lembra: “Vi a tirania de perto”.
Principais investigações que marcaram sua trajetória
O massacre de My Lai e a denúncia em 1969
A fama de Hersh explodiu com a denúncia do Massacre de My Lai, em 1969, onde soldados americanos mataram centenas de civis vietnamitas. Em entrevista ao documentário, Myrtle Meadlo, mãe de Paul Meadlo, um dos envolvidos, afirmou: “Enviei um bom menino, e eles o fizeram um assassino”. A reportagem ajudou a impulsionar o movimento anti-guerra e rendeu-lhe o Pulitzer de relato internacional em 1970.
O papel da CIA e a investigação de 1974
Em 1974, Hersh revelou no The New York Times as atividades da CIA espionando grupos estudantis, o que levou às investigações do Rockefeller Commission e do Church Committee, que expuseram operações ilegais do órgão de inteligência no país.
O escândalo de Watergate e a investigação de Hersh
Embora seja mais conhecido por Bob Woodward e Carl Bernstein, Hersh também esteve na linha de frente ao revelar que os chamados “encanadores” de Watergate recebiam pagamento contínuo, mesmo após serem indiciados. A apuração sugeria ligação com a campanha de reeleição de Nixon, trazendo o escândalo para dentro da Casa Branca e do Partido Republicano.
De repórter a símbolo de investigação
O documentário destaca como Hersh se consolidou como um símbolo do jornalismo de guerra e fortalecimento do papel da imprensa na fiscalização do poder. Sua rotina de desvendar segredos e confrontar governos continua inspirando gerações de jornalistas ao redor do mundo.
“Cover-Up” promete revelar os bastidores de uma carreira dedicada a desmascarar as mentiras do poder, reafirmando a importância do jornalismo investigativo na democracia.

