Dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro tiveram as maiores perdas na participação no PIB nacional entre 2022 e 2023. A análise, que inclui 5.570 cidades, mostra que Maricá (RJ) liderou com recuo de 0,3 ponto percentual, seguida por Niterói e Saquarema, ambas com queda de 0,2 p.p.
Impacto na desconcentração econômica
O levantamento aponta que esse movimento freou a desconcentração da economia no Brasil, uma vez que a fatia dos municípios que não são capitais caiu de 72,5% para 71,7%. Já a participação das capitais aumentou de 27,5% para 28,3%. Segundo o IBGE, esse padrão reflete uma reversão parcial na tendência de dispersão econômica observada nos anos anteriores.
Fatores das perdas econômicas
As maiores perdas estão concentradas em municípios cuja economia depende fortemente da indústria extrativa, especialmente petróleo e gás. O principal fator foi a queda nos preços internacionais das commodities em 2023, com uma retração de 22,7% nos valores, apesar do crescimento de 9,2% na produção. Essa disparidade impactou o Valor Adicionado Bruto (VAB) dessas regiões, que reflete a riqueza gerada por cada setor da economia.
Regiões mais afetadas
Entre os municípios com maior retração, sete estão diretamente ligados à extração de petróleo e gás, incluindo Campos dos Goytacazes e Macaé, que integram a região Norte Fluminense. A atividade está vinculada aos campos do pré-sal, situados nas bacias de Santos e Campos, regiões-chave na produção brasileira de petróleo.
A redução de 22,7% nos preços das commodities agravou a queda no setor, mesmo com alto volume de produção, levando a uma diminuição nas participações no PIB nacional. Além disso, municípios ligados à indústria de transformação e ao setor de serviços também apresentaram perdas, embora o setor de serviços, no agregado nacional, tenha registrado crescimento.
Quem ganhou participação no PIB
Em contrapartida, os maiores avanços na participação do PIB ocorreram sobretudo nas capitais e centros urbanos. São Paulo liderou as altas, com aumento de 0,36 ponto percentual, passando de 9,4% para 9,7% do total nacional. Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Manaus também figuram na lista dos principais emergentes.
O crescimento dessas regiões está ligado à recuperação do setor de serviços, que voltou a ganhar peso após o ponto mais baixo de 2022 na série histórica. Em São Paulo, destaque para o desempenho das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, que impulsionaram o avanço.
Perspectivas futuras para a economia municipal
Especialistas avaliam que a concentração de crescimento nas capitais indica uma possível retomada da dispersão do PIB, impulsionada pelo setor de serviços e pelo desempenho da cidade de São Paulo. No entanto, as regiões dependentes de commodities continuam vulneráveis às flutuações de preços internacionais, o que pode dificultar a recuperação dessas economias municipais.
Mais detalhes sobre a pesquisa e as listas completas de municípios que mais perderam ou ganharam participação no PIB em 2023 estão disponíveis no site do G1.

