O Centro Administrativo do Distrito Federal, conhecido como Centrad, se tornou um símbolo do desperdício de recursos públicos, com uma nova atualização que aponta para um investimento de R$ 1 bilhão para que o espaço volte a funcionar. O governador Ibaneis Rocha (MDB) revelou à TV Globo que esse montante seria necessário para realizar várias obras de infraestrutura na região de Taguatinga, caso o governo decida transferir órgãos e funcionários para o complexo que está fechado há 12 anos.
O que será feito com o investimento?
O investimento de R$ 1 bilhão será destinado, principalmente, à construção de um viaduto na saída de Ceilândia, além das adequações viárias necessárias no entorno do centro administrativo, incluindo obras orçadas em R$ 400 mil pela Terracap. Os R$ 600 mil restantes seriam utilizados na regularização de documentos do imóvel, incluindo o Habite-se, um documento essencial que autoriza a ocupação de qualquer edificação.
Planos de venda e obras
Na mesma entrevista, Ibaneis Rocha anunciou que pretende enviar um projeto de lei à Câmara Legislativa em janeiro do próximo ano, logo após o recesso parlamentar, para formalizar a venda do Centrad. No entanto, ele ainda deve decidir se as obras de infraestrutura serão realizadas pelo governo antes de vender o complexo ou se os novos donos terão a responsabilidade de arcar com essas despesas. Essa definição será divulgada por meio de um edital que deve ser lançado em 2024.
História do Centrad
O Centro Administrativo é um projeto que começou por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) entre o GDF e o consórcio formado pela Via Engenharia e Odebrecht, com um custo estimado de R$ 6 bilhões. A construção foi finalizada, mas o espaço nunca foi inaugurado. As empresas envolvidas na construção afirmam terem investido cerca de R$ 1,5 bilhão até agora, e agora estão buscando recuperar esse montante judicialmente.
Desde 2022, após a anulação da PPP, o GDF passou a ser responsável pela segurança do local, que tem sido alvo de invasões, vandalismo e depredação. O governo enfrenta um dilema, pois, mesmo que o complexo nunca tenha sido ocupado, ainda há custos contínuos associados a sua manutenção.
Linha do tempo da história do Centrad
A história do Centrad é marcada por polêmicas e controvérsias. Em 2009, as obras tiveram início, e em 2014, o então governador Agnelo Queiroz fez uma inauguração simbólica do espaço, mesmo com as obras incompletas. Um ano depois, o Ministério Público se manifestou contra a ocupação do espaço, e em 2015, o governador Rodrigo Rollemberg desistiu de mudar o Executivo para lá devido a irregularidades.
Em 2017, a Operação Lava Jato trouxe à tona detalhes das negociações, que foram marcadas por “acordos de mercado” e repasses para campanhas eleitorais. Com a perseguição jurídica e decisões judiciais que proibiram o governo de repassar qualquer recurso às empresas, a situação do Centrad se complicou ainda mais até culminar na anulação da PPP em 2022.
A expectativa para o futuro
Para muitos, a reativação do Centrad é uma questão relevante e complexa. Em entrevista recente, Marcelo Galvão, assessor especial de Ibaneis Rocha, mencionou que as obras para uma possível ocupação do centro deveriam ser iniciadas em abril de 2024, mas até o momento não há uma confirmação oficial. Os cidadãos do Distrito Federal permanecem apreensivos, aguardando para ver se o complexo finalmente terá uma função e se o investimento necessário trará algum retorno significativo para a administração pública e para a população.
Com tantos anos de inatividade e problemas financeiros, o caso do Centrad é emblemático dos desafios enfrentados pela administração pública no Brasil, reiterando a importância da transparência e da eficiência no uso dos recursos públicos.
Leia mais sobre o Centrad no g1 DF.


