Brasil, 17 de dezembro de 2025
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Desafios e inovações na gestão de resíduos sólidos no Brasil

Quando se trata da gestão dos resíduos sólidos no Brasil, que totalizou pouco mais de 81 milhões de toneladas ao longo de 2024, um dos grandes desafios segue sendo aumentar o reaproveitamento dos materiais, a popular reciclagem. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, lançado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), menos de 9%, ou 7,1 milhões de toneladas, foram reciclados ao longo do ano.

A realidade da reciclagem no Brasil

Deste total, 65% dos materiais reciclados vieram da coleta informal, ou seja, de catadores que não estão integrados ao sistema de logística, enquanto que o restante, 35% ou cerca de 2,5 milhões de toneladas, passou por unidades de triagem de recicláveis mantidas por serviços públicos. A Abrema estima que 6% da coleta de resíduos no Brasil tenha sido realizada por meio da coleta informal, envolvendo aproximadamente 700 mil catadores autônomos, que não têm vínculo com associações ou cooperativas de coleta seletiva ou reciclagem.

Iniciativas em busca da solução

Diante desse cenário desafiador, a empresa Ambipar tem proposto um modelo chamado de Cidades Circulares. Essa iniciativa de economia circular já está em funcionamento atualmente em municípios do interior de São Paulo, Paraná, Recife e, mais recentemente, durante a COP 30 no Pará.

Por meio de um sistema inovador, denominado Parceria Social de Logística Reversa, a Ambipar busca profissionalizar e padronizar a gestão das cooperativas, aumentando a produtividade e, consequentemente, elevando a renda dos catadores. “Atualmente, mais de 130 cooperativas estão em processo de aceleração dentro da estratégia da Ambipar. No modelo mais avançado de gestão, produção e governança, já temos 10 unidades implementadas. Para 2026, planejamos dobrar esse número. Até 2030, nossa meta é alcançar 50 unidades”, explica Maíra Pereira, diretora institucional de Pós-Consumo da Ambipar.

Resultados positivos e perspectivas futuras

Segundo a empresa, cada cooperativa que adota o modelo de Parceira Social registra, em média, um aumento de três vezes na renda dos cooperados e no volume de materiais recuperados, desviando de aterros sanitários ou lixões a céu aberto, o que representa mais de 60 mil toneladas de materiais por ano, que são inseridos no sistema de logística reversa. O programa abrange desde a coleta seletiva pelas cooperativas, passando pela triagem em centrais, até a disponibilização de equipamentos e sistemas de rastreabilidade e ampliação da cadeia de comercialização.

Desafios legais e tributários

Embora haja avanços significativos, Maíra Pereira destaca que a formalização e qualificação do trabalho de reciclagem ainda enfrenta barreiras legais e tributárias no Brasil. “Um grande desafio a ser considerado é que temos uma legislação que permite a importação de determinados resíduos. Isso cria um efeito perverso: ao favorecer a entrada de materiais recicláveis do exterior, desincentiva a cadeia nacional de reciclagem, reduzindo a demanda pelos resíduos coletados internamente e comprometendo a geração de renda para cooperativas locais”, ressalta.

Ela acrescenta que outro ponto crítico é a carga tributária aplicada às cooperativas. Atualmente, muitas delas pagam impostos que não deveriam incidir sobre atividades voltadas ao interesse socioambiental. “Essas organizações precisam de incentivos e subsídios para se manterem competitivas e sustentáveis”, pondera.

A importância de políticas públicas

A saída para esses impasses, segundo Maíra, é o avanço na construção de políticas públicas de incentivo ao setor e a criação de meios de financiamento estáveis. “Esse ponto foi amplamente debatido durante a COP30, em Belém, onde ficou evidente que a transição para uma economia circular exige integração entre setor privado, Poder Público e sociedade civil, além de instrumentos econômicos que viabilizem a logística reversa em escala nacional”, frisa.

É cognitivo que a gestão de resíduos sólidos enfrenta muitos desafios no Brasil. No entanto, com a inovação, as parcerias e o fortalecimento das cooperativas, há espaço para que o cenário mude em favor da sustentabilidade e do reaproveitamento de materiais. Enquanto a reciclagem se torna uma necessidade premente, iniciativas como a da Ambipar oferecem um caminho promissor para transformar a realidade dos resíduos no país.

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