Novas investigações apontam a participação de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, na atuação em negócios vinculados ao Banco Master e órgãos reguladores, apesar de não haver registros de sua presença nas instituições públicos consultadas pela reportagem.
Contratos e atuação na Justiça e órgãos reguladores
Conforme divulgado pelo blog, o contrato de Viviane com o Banco Master previa a coordenação de cinco núcleos de trabalho voltados à atuação conjunta perante o Judiciário, Legislativo e órgãos do Executivo, incluindo a Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Apesar disso, registros evidenciam que ela e seu escritório não tiveram qualquer contato formal com o BC e o Cade, indicando uma atuação invisível nesses órgãos.
Falta de registros oficiais
O Banco Central, por exemplo, comunicou que não há registros de acessos ou reuniões de Viviane Moraes na instituição desde o início do contrato, que tinha vigência até o início de 2027. A atuação dela foi consultada após requerimento feito pela equipe da coluna, utilizando a Lei de Acesso à Informação. O BC afirmou não ter encontrado qualquer evidência de movimentação da mulher de Moraes na plataforma institucional.
Já o Cade também confirmou que Viviane ou representantes de seu escritório nunca participaram de reuniões com a instituição relacionadas à compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). “Nem Viviane Moraes nem qualquer representante de seu escritório tiveram encontros com o Cade para tratar do caso”, afirmou a assessoria do órgão.
Responsabilidade na aquisição do Banco Master
Apesar das claras ausências de registros, a atuação de Viviane, que coordena negociatas estratégicas e contenciosas, permanece na investigação porque o contrato de pagamento de R$ 3,6 milhões mensais, por três anos, poderia totalizar cerca de R$ 129 milhões até o seu término, em 2027. O valor era destinado ao escritório Barci de Moraes Associados, ligado à proprietária, que também trabalha com seus filhos.
O esquema, que inclui atuação próxima ao Judiciário e órgãos reguladores, ganha relevância diante das investigações do Banco Central e do Ministério Público, que apuram fraudes financeiras envolvendo o banco de Daniel Vorcaro, responsável pela operação de compra do Master, que não se concretizou após o BC vetar a operação em setembro de 2024.
Procedimentos e apurações em andamento
A ausência de registros oficiais não impediu o BC de preparar procedimentos administrativos para apurar possíveis irregularidades na atuação do Banco Master, ligado a Vorcaro, que envolvem suspeitas de fraudes contábeis e prejuízos estimados em R$ 12,2 bilhões ao sistema financeiro nacional, conforme apontado pelo próprio BC na representação enviada ao Ministério Público Federal.
Investigadores também indicam que as apurações internas podem resultar na inabilitação de Vorcaro e de seus principais executivos para atuarem no sistema financeiro do país. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, manteve o foco na liderança de Toffoli, que concentra as decisões relacionadas às investigações do Caso Master.
Perspectivas futuras e implicações políticas
A atuação de Viviane Moraes na operação evidencia a complexidade e o grau de influência de aliados e familiares em negócios de grande vulto ligados ao setor financeiro e ao governo. Apesar de não haver evidências formais de sua participação nas ações regulatórias, a investigação reforça a necessidade de transparência em operações que envolvem recursos públicos e figuras de altíssimo escalão do Judiciário.
Ainda não há resposta oficial do escritório de Viviane Moraes ou de representações dela na instituição financeira. A apuração segue em andamento para esclarecer o grau de envolvimento e responsabilidades na aquisição frustrada do Banco Master, que permanece como um dos grandes focos de investigação no cenário político e financeiro.
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