A partir de 2036, o Brasil começará a experimentar uma redução na população em idade de trabalhar, segundo projeções oficiais, um sinal de envelhecimento populacional que traz desafios econômicos inéditos.
Inflexão demográfica e impacto na força de trabalho
Até 2042, a população total do país deverá atingir seu ponto mais alto e, em seguida, começar a encolher, colocando em risco a continuidade do crescimento econômico. A escassez de mão de obra já é percebida em diversos setores, agravando-se com o envelhecimento da população.
Comparação internacional e investimentos em produtividade
Enquanto países como China, Japão, Coreia do Sul e Alemanha investiram massivamente em educação, formação técnica e automação para compensar o declínio populacional, o Brasil tem uma trajetória distinta. O país concentra seus gastos na aposentadoria de idosos e em benefícios tributários às empresas, deixando de lado o investimento em jovens e crianças.
Desafios sociais e econômicos do déficit educacional
O cenário brasileiro é agravado por elevados índices de evasão escolar e baixa proficiência em leitura, matemática e ciências entre os jovens. Cerca de 40% das crianças de até seis anos vivem em situação de pobreza, prejudicando seu desenvolvimento e, por consequência, a capacidade de o país competir no mercado global.
O papel da violência e da desigualdade regional
A violência representa um obstáculo adicional: metade das vítimas de homicídio no Brasil são jovens de 15 a 29 anos, perdendo potencial produtivo e agravando o quadro. Além disso, a desigualdade regional de desemprego — que chega a 8,7% no Nordeste e 3,7% no Sul — evidencia barreiras à mobilidade da força de trabalho, que poderiam impulsionar o crescimento de regiões menos dinâmicas.
Debates políticos e insuficiências no cuidado ao capital humano
Apesar dos desafios, o tema da juventude e do envelhecimento recebe pouca atenção no debate político, enquanto medidas como aposentadorias especiais e benefícios a agentes de saúde são ampliadas, muitas vezes de forma inadequada. A ausência de ações estruturais para incluir os jovens no mercado de trabalho e melhorar a educação compromete o crescimento de longo prazo.
Investimento em educação e formação técnica como caminhos estratégicos
Cuidar do capital humano não é apenas uma prioridade social, mas uma necessidade econômica. É fundamental aprimorar a qualidade do ensino básico e fortalecer a formação técnica, sobretudo em áreas menos suscetíveis à automação e à inteligência artificial, garantindo uma força de trabalho mais qualificada e produtiva.
Perspectivas para o futuro e a urgência de medidas
Para evitar uma crise econômica gerada pelo envelhecimento populacional, é imprescindível implementar políticas que aumentem a inclusão social, especial atenção à juventude, e promovam a mobilidade regional. A inação, por sua vez, aprofundará as fragilidades já acumuladas e dificultará a recuperação futura do mercado de trabalho.
Mais detalhes podem ser consultados na reportagem do O Globo.


