A atuação de falsos médicos no Hospital Jardim Helena, localizado na Zona Leste de São Paulo, levanta preocupações sérias sobre a segurança dos atendimentos médicos em instituições privadas. Investigações da Polícia Civil revelaram que um dos impostores pode ter contribuído diretamente para a morte de um paciente após realizar uma manobra de ressuscitação inadequada. Esse caso chocante traz à tona a discussão sobre a fiscalização de profissionais da saúde e a confiança que os pacientes depositam nas instituições onde buscam ajuda.
Investigações em andamento
Nesta terça-feira (6), o delegado José Mariano de Araújo Filho, titular do 22º Distrito Policial, confirmou que a perícia do Instituto Médico Legal (IML) encontrou lesões internas graves no paciente que foi submetido à manobra de ressuscitação, realizada pelo falso médico. “O procedimento realizado foi inadequado e causou lesões que contribuíram para a morte do paciente. Os órgãos estavam todos lesados, incluindo pulmão e fígado”, revelou o delegado.
Operação policial e apreensões
A Polícia Civil realizou uma operação para investigar a atuação de falsos médicos que teriam prestado atendimentos em um período de dois anos, durante o qual aproximadamente 9 mil pacientes foram tratados. Até o momento, a investigação aponta oito mortes suspeitas que possam estar relacionadas à atuação desses impostores. “Das oito mortes, temos certeza de uma em que a atuação indevida resultou no óbito. Os outros sete casos ainda estão sob investigação, mas há indícios claros de participação em procedimentos inadequados”, afirmou José Mariano.
O modus operandi dos falsos médicos
Entre os principais investigados, destaca-se um biomédico que se apropriou de dados profissionais de um médico registrado para atuar no hospital. Segundo as investigações, ele utilizava o nome e o número de registro que teriam sido furtados. A polícia ainda busca os dois homens envolvidos, que até o momento não foram localizados.
Implicações legais e éticas
Os crimes em questão são tratados como dolo eventual, já que os falsos médicos assumiram o risco de causar a morte dos pacientes. O delegado destacou que “eles estavam praticando medicina sem qualquer capacidade técnica”. Além disso, está em apuração o possível envolvimento do hospital, que alega não ter conhecimento da situação. “Será analisada se a conduta do hospital foi culposa, por negligência ou dolosa”, disse o delegado.
Reação dos familiares das vítimas
Os familiares das vítimas já começaram a ser ouvidos pela polícia, e muitos demonstraram incredulidade ao saber que os atendimentos foram feitos por falsos médicos. Alguns relataram desconfiança durante o tratamento, mencionando que consideraram o comportamento dos profissionais muito estranho e fora dos padrões esperados de um médico.
A importância da fiscalização na saúde
Esta situação alarmante destaca a necessidade urgente de uma fiscalização rigorosa nas instituições de saúde e da verificação da credibilidade dos profissionais que atuam nelas. “É fundamental que os hospitais façam um controle mais efetivo sobre os profissionais que trabalham em suas unidades, para garantir que os pacientes recebam atendimento de qualidade e seguro”, concluiu o delegado José Mariano.
Conclusão: O caso dos falsos médicos no Hospital Jardim Helena é um alerta para a sociedade sobre a importância da documentação na área da saúde e a necessidade de maior responsabilidade das instituições. A investigação continua e espera-se que mais medidas sejam tomadas para prevenir repetição de incidentes tão graves.
O g1 tentou contato com o Hospital Jardim Helena para obter um posicionamento sobre a situação, mas até o fechamento deste artigo, ainda não havia recebido resposta. A defesa dos acusados também não foi localizada.

