No cenário político brasileiro, a segurança de parlamentares tornou-se uma questão sensível. A deputada federal Talíria Petrone (PSol-RJ), líder do PSol na Câmara dos Deputados, viu sua escolta da Polícia Legislativa Federal ser cancelada após uma decisão do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos/PB). Essa medida, segundo a deputada, foi tomada sem aviso prévio e ignora os riscos à sua integridade, já que Talíria tem sido alvo de ameaças constantes.
Decisão controversa e contextos políticos
Talíria expressou sua insatisfação com a decisão de Motta, afirmando que a atitude foi unilateral e subestimou os riscos que ela e seus filhos enfrentam. A deputada ressaltou que a ação de Motta ocorreu logo após uma derrota política provocada pela articulação dela como líder da bancada, na qual salvou o deputado Glauber Braga (PSol/RJ) da cassação. Este cenário culminou em um embate sobre o chamado “PL da Anistia”, que visa proteger os golpistas de 8 de janeiro.
“A decisão de Motta ocorreu de forma unilateral, subestimando os riscos para a integridade da parlamentar e de seus dois filhos”, afirmou Talíria em um comunicado à imprensa, adicionando que o presidente da Câmara claramente desconsiderou as ameaças que sua família enfrenta. Este cancelamento da escolta levanta questões sobre a segurança dos parlamentares e a forma como as decisões políticas podem influenciar diretamente a vida pessoal de um congressista.
Retaliações políticas e a situação de Hugo Motta
Além dos aspectos de segurança, a deputada insinuou que a decisão de Motta poderia ser uma retaliação por suas críticas contundentes ao presidente da Câmara nos dias anteriores. Talíria teria declarado que Motta não tinha condições adequadas para liderar a Casa, e sua crescente visibilidade como uma crítica de eleição só intensificou as tensões entre eles.
Essas questões refletiram um ambiente já tenso na Câmara, especialmente considerando os episódios recentes que levaram à discussão da cassação de outros deputados, como no caso de Glauber Braga. A votação do projeto de lei que busca reduzir penas para condenados pelos atos de 8 de janeiro, por sua vez, também gerou polêmica e descontentamento entre os parlamentares.
Reavaliação da situação e busca por segurança
Em resposta às preocupações levantadas, a assessoria do presidente da Câmara informou que Motta está em contato com Talíria e que a situação será reavaliada. De acordo com a nota, a decisão de cancelar a escolta baseou-se em parecer técnico do Departamento de Polícia Legislativa (Depol) e que haverá uma reavaliação à luz dos precedentes da Câmara, enfatizando a segurança dos parlamentares como prioridade.
“O presidente Hugo está em contato com a deputada Talíria e acompanha a situação. A decisão foi baseada em parecer técnico do Depol, anterior a outras deliberações. Diante do pedido de reconsideração, o tema será reavaliado”, afirmou a equipe de Motta.
Esse episódio acende um alerta sobre a segurança dos deputados e a forma como suas ações políticas podem provocar reações que afetam não apenas sua carreira, mas também suas vidas pessoais e familiares. A expectativa é que, após essa reavaliação, decisões mais equilibradas e respeitosas às necessidades de segurança dos parlamentar sejam tomadas, contribuindo assim para um ambiente legislativo mais seguro e produtivo para todos.

