Uma pesquisa recente publicada pela EWTN News e RealClear Opinion Research indica que a maioria dos católicos nos Estados Unidos apoia a pena de morte para criminosos condenados, apesar do posicionamento oficial da Igreja Católica. O levantamento, realizado com 1.000 eleitores católicos entre 9 e 11 de novembro, revelou que 55% apoiam a execução de pessoas condenadas por assassinato, enquanto apenas 20% expressaram oposição e 25% ainda estão indecisos.
Diferenças entre frequência de participação na missa e apoio à pena de morte
O estudo também apontou que a frequência de assiduidade às missas influencia nas opiniões sobre o tema. Entre os católicos que frequentam a missa pelo menos uma vez por semana, 52% apoiam a pena de morte, contra 26% que se opõem e 22% que permanecem indecisos. Já entre aqueles com participação menor, 57% apoiam a pena de morte, enquanto 16% são contra e 27% não têm posição definida.
Apesar do apoio significativo, uma análise de 2024 do The Association of Religion Data Archives demonstra que o respaldo à pena de morte entre católicos vem diminuindo nas últimas décadas, especialmente entre os frequentadores de missas semanais.
Posições oficiais da Igreja Católica
O Catecismo da Igreja Católica, na sua revisão de 2018, afirma: “Ensina-se, à luz do Evangelho, que ‘a pena de morte é inadmissível, pois é um ataque à inviolabilidade e dignidade da pessoa’, e a Igreja trabalha com determinação para sua abolição mundial.” Antes dessa mudança, o texto indicava que a Igreja “não excluía o uso da pena de morte se fosse o único meio de defender efetivamente vidas humanas contra agressor injusto”.
Visão de especialistas e representante da ação contra a pena de morte
A irmã Helen Prejean, CSJ, que faz parte do conselho consultivo da Campanha dos EUA para acabar com a pena de morte, afirmou à CNA que muitos católicos permanecem “pro-vida por vidas inocentes”, como as que são ceifadas pelo aborto, mas defendem a execução quando o crime é grave. Ela acrescenta que a revisão do Catecismo busca reconhecer que tirar vidas “é contra a dignidade humana” e que “o evangelho de Jesus nos chama a dar essa dignidade — não apenas aos inocentes, mas também aos culpados”.
Prejean destacou que a maioria das pessoas, quando questionadas sobre a pena de morte, geralmente responde que sim, mas essa preferência diminui ao ser apresentada a alternativa de prisão perpetua. Segundo ela, as autoridades judiciárias também vêm sendo menos propensas a aplicar a pena capital atualmente, porque “a maioria prefere oferecer uma chance de vida” aos condenados.
Ela afirmou ainda que o fato de uma em cada quatro pessoas católicas estar “em dúvida” sobre seu apoio à pena de morte indica que “essa questão ainda está em debate na sua alma”.
Perspectivas futuras e necessidade de formação
Segundo sis Helen Prejean, quem teve experiências pessoais com pessoas no corredor da morte tende a refletir mais sobre o tema, pois “não se trata mais de uma categoria, mas de uma pessoa”. Ela mesma se tornou mais engajada na luta contra a pena capital após acompanhar uma execução na prisão e se comunicar com um condenado à morte.
Krisanne Vaillancourt Murphy, diretora executiva da Catholic Mobilizing Network, ressaltou que defender a dignidade da vida é uma parte central da fé, mas muitas vezes a compreensão sobre a posição da Igreja ainda precisa ser aprofundada. “A Igreja deixou claro que a pena de morte não pertence mais à nossa sociedade,” afirmou, destacando a importância de formação religiosa para fortalecer essa compreensão.
Ela também mencionou que líderes papais, como João Paulo II, Bento XVI e Francisco, continuam defendendo a abolição da pena de morte, reforçando a posição pro-vida da Igreja. A presença de uma rápida mudança de opinião entre os fiéis, frente ao ensinamento oficial, mostra que há espaço para maior esclarecimento e engajamento em torno dessa causa.

Fonte: Catholic News Agency



