Na noite de quarta-feira (10/12), o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), expressou sua insatisfação com correligionários que votaram a favor da suspensão de seis meses do deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ). A relação conturbada entre Lira e Braga, marcada por desavenças políticas e ataques pessoais, ampliou a tensão no ambiente legislativo. Durante a reunião, Lira acusou deputados de seu partido de traição, afirmando que, sob sua liderança, Braga teria sido cassado com uma votação convincente.
A insatisfação de Lira com os aliados
Conforme apurado pelo Metrópoles, Lira manifestou preocupação com a lealdade de seus correligionários, apontando que estavam demonstrando uma sensibilidade exagerada por um deputado que não faria o mesmo em situações semelhantes. Essa frustração foi reforçada por relatos de deputados do PP que preferiram não se identificar, destacando que temiam a reação de Lira, que é conhecido por nutrir um profundo desdém por Braga.
A animosidade entre os dois parlamentares é intensa. Em setembro de 2024, por exemplo, Braga chamou Lira de “bandido” em uma manifestação pública, acusando o ex-presidente da Câmara de desvio de recursos públicos. Em resposta, Lira condenou a atitude, afirmando que ações como a do deputado psolista mereciam “repulsa”, especialmente considerando que Braga já enfrentava outro processo no Conselho de Ética devido a uma agressão a um colega parlamentar.
A reviravolta na decisão sobre Glauber Braga
O clima na Câmara dos Deputados mudou drasticamente na noite de quarta-feira, quando a votação, que inicialmente parecia levar à confirmação da cassação de Braga — apoiada por um parecer do Conselho de Ética que recomendava sua inelegibilidade por oito anos — tomou um novo rumo. O PSol, com o suporte do governo e dos partidos do Centrão, apresentou uma emenda que substituiu a cassação por uma suspensão de seis meses.
Com 318 votos favoráveis, a emenda foi aprovada, o que garantiu a Braga algum alívio temporário. Após a votação, o deputado comemorou ao lado de aliados no plenário da Câmara, sinalizando que, pelo menos por enquanto, evitou a cassação e a inelegibilidade.
As acusações contra Glauber Braga
Os problemas de Glauber Braga na Câmara não são recentes. Ele foi acusado de quebrar o decoro parlamentar ao expelir, de forma agressiva, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma sessão em abril de 2024. O deputado se defendeu alegando que o agressor havia ofendido sua falecida mãe, Saudade Braga, que foi prefeita de Nova Friburgo (RJ). A situação levantou um debate acirrado sobre o comportamento esperado de parlamentares no exercício de suas funções.
O futuro político de Glauber Braga
A aprovação da emenda que suspendeu Braga, ao invés da cassação, pode indicar uma batalha política mais ampla. Para Lira e seus aliados, essa situação representa uma fragilidade nas alianças dentro da Câmara, o que pode gerar repercussões nas próximas votações. A relação entre os deputados do PP e o ex-presidente da Câmara pode continuar a ser uma fonte de tensão, especialmente em um ano eleitoral, onde a imagem pública e as disputas partidárias se destacam.
A saga entre Arthur Lira e Glauber Braga é um reflexo das complexidades e rivalidades presentes na política brasileira. A intriga e a luta pelo poder podem frequentemente ofuscar questões mais importantes, mas, ao mesmo tempo, revelam como os relacionamentos pessoais e profissionais moldam as decisões legislativas.
Com o desfecho dessa votação, as próximas semanas prometem ser decisivas para ambos os deputados e para a dinâmica no Congresso, enquanto a população observa atentamente as reações e movimentações políticas que impactam diretamente na governança do país.

