Lá vamos nós de novo. O Datafolha faz sua revelação trimestral sobre a temperatura política do país, e o resultado? Lula em queda. Nada surpreendente, é claro. O Brasil tem uma relação passional com seus presidentes, e Lula, como sempre, não é exceção. Mas desta vez, há algo de diferente. Desta vez, o enredo tem um gosto mais azedo, como se o carisma operário já não cobrisse mais as rachaduras de um governo que patina entre o ressentimento e a autoconfiança.
O senador Ciro Nogueira resolveu invocar Isaac Newton para explicar o momento: “Ação e reação.” Lula, depois de dois anos de revanchismo explícito, agora sente o peso da gravidade política. E não há mistificação populista que anule essa força.
Disse o único senador bolsonarista do Piauí, no X:
“O DataFolha expressa em números a 3ª lei de Newton, a da ação e reação. Quem passou os 2 últimos agindo contra os outros, colhe contrariedade. O Lula mais amargo dos 3 é o mais rejeitado de todos os Lulas. Ação e reação.”
Vamos à gravidade dos fatos
Vejamos os números. O Datafolha aponta que a desaprovação ao governo subiu consideravelmente. O Brasil de 2025 já não tem paciência para o lulismo cansado, que tenta se equilibrar entre discursos do passado e a realidade de um país que não quer mais ser um eterno campo de batalha entre “nós” e “eles”. A inflação dói no bolso, a economia patina e, enquanto isso, o governo se ocupa mais em reclamar do bolsonarismo do que em governar.
Lula sempre teve um talento inegável para se vender como vítima ou como salvador, dependendo do roteiro. O problema é que, no terceiro ato, essa estratégia já virou telenovela repetida. Se em 2002 ele era a esperança operária e em 2022 o redentor antifascista, em 2025 ele parece apenas um senhor cansado, preso em um ciclo de ressentimentos e revanches.
A terceira Lei da Política
Ciro Nogueira, um dos grandes artistas do pragmatismo político brasileiro, acertou em cheio com sua metáfora. Lula usou seus dois primeiros anos para ajustar contas com o passado, para punir desafetos, para transformar cada crítica em um ultraje à democracia. E qual foi a reação? Um país exausto, que já não compra mais essa narrativa com a mesma facilidade.
O problema do lulismo de hoje não é a oposição feroz da direita — isso sempre existiu. O problema é o desencanto silencioso de quem esperava algo novo e recebeu um governo obcecado em se vingar. O governo de 2023 e 2024 não governou; ele apenas rebateu ataques, buscou culpados e apontou dedos. Ação e reação.
A última queda?
Lula já caiu antes. Caiu no mensalão e sobreviveu. Caiu na Lava Jato e ressurgiu como um mito injustiçado. Mas agora a queda é diferente. Não há um Moro para transformar o presidente em mártir. Não há um Bolsonaro para que Lula possa ser o “mal menor”. Agora, a decepção não vem da elite nem da “extrema-direita”: vem do povo que sente o peso de um governo sem brilho, sem alma, sem rumo.
A política, como a física, segue leis implacáveis. Se Lula continuar preso ao ressentimento, a queda será definitiva. E não há carisma que anule a força da gravidade.