Na última quarta-feira (10), deputados do PSOL, PDT e PT protocolaram uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O ato foi motivado pela confusão que ocorreu na sessão plenária de terça-feira, onde a ordem de retirada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da presidência da Mesa Diretora gerou uma série de polêmicas e acusações de violência.
Contexto do episódio
O tumulto nasceu quando Glauber, atualmente enfrentando um processo por quebra de decoro que pode resultar na cassação de seu mandato, ocupou a cadeira de Motta. O deputado fez isso em um protesto contra a decisão do presidente da Câmara de pautar seu caso, afirmando que permaneceria na Mesa “até o limite de suas forças”. A situação escalou rapidamente, culminando em empurrões e tumulto no Salão Verde, que foram testemunhados tanto por outros parlamentares quanto pela imprensa.
Acusações de violência e abuso de autoridade
Na representação entregue à PGR, assinada por Glauber e pelos deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) e Rogério Correia (PT-MG), é mencionada a prática de “lesão corporal, violência política de gênero e violação do regimento interno” por parte de Hugo Motta. A solicitação dos parlamentares à PGR é de que sejam exigidos esclarecimentos imediatos da Câmara, além da entrega das gravações de vídeo e áudio da sessão interrompida e a identificação de todos os policiais legislativos envolvidos na operação.
A tensão entre os deputados
Com a situação se intensificando, um deputado do partido Novo qualificou os eventos como “tristes” e afirmou que a imagem da Casa Legislativa foi gravemente abalada. Outro deputado, do Partido dos Trabalhadores (PT), observou que o caso representa “mais um desgaste” para Hugo Motta, que já enfrenta críticas por sua incapacidade de controlar os eventos na plenária. A tensão estava evidente não apenas entre os parlamentares, mas também no ambiente do plenário, que passou a ser cercado e restrito, limitando o acesso à imprensa e aos assessores.
Consequências imediatas e próximos passos
Após a ação policial que removeu Glauber, o deputado foi acompanhado por sua esposa, Sâmia Bomfim, e o colega Tarcísio Motta (PSOL-RJ), em direção a uma sala de atendimento médico próxima ao Salão Verde. A Mesa Diretora decidiu restringir o acesso ao plenário, acionando a Polícia Legislativa para manter a ordem.
A situação ocorre em meio a uma pressão crescente de Hugo Motta para votar diversos processos de cassação, entre eles os dos deputados Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O caso de Eduardo, em particular, levanta questões sobre a regularidade das faltas, já que Motta apontou que o parlamentar pode ter ultrapassado o limite permitido.
A representação e suas implicações
A representação apresentada à PGR também menciona uma suposta perseguição política em relação à ação contra Glauber, alegando que a força utilizada pela polícia legislativa durante o tumulto foi desproporcional. Além disso, destaca que deputadas presentes, como Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, foram alvo de violência política de gênero, reforçando a necessidade de uma apuração independente sobre o ocorrido.
Este incidente não apenas levanta uma série de questões sobre a ordem e a disciplina na Câmara dos Deputados, mas também acende um debate sobre a necessidade de um ambiente político mais respeitoso e igualitário dentro das instituições do país.
A situação seguirá sendo monitorada, com a expectativa de que a PGR tome as medidas cabíveis e que o Congresso avalie as implicações desse episódio na política brasileira.


