A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados se posicionou nesta terça-feira, 2 de dezembro, ao rejeitar por 32 votos a 27 o relatório do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), que defendia a manutenção do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Esta decisão surge num contexto controverso, onde a deputada, atualmente em prisão na Itália e aguardando extradição, foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, multa e a perda do mandato.
O novo relator e as próximas etapas do processo
Com a rejeição do parecer, o deputado Claudio Cajado (PP-BA) foi indicado como novo relator da matéria e deverá elaborar um novo relatório que, segundo especulações, recomendaria a cassação da parlamentar. Zambelli foi condenada devido a sua participação em crimes relacionados à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), questões que têm gerado muito debate no cenário político brasileiro.
Durante a audiência da CCJ, Carla Zambelli, que se encontra sob custódia na Itália, participou por meio de vídeo chamada, apresentando sua defesa. Sua fuga para o exterior antes da decretação da prisão se tornou um ponto controverso, levantando questões sobre a integridade dos processos legais no país. O Brasil agora aguarda a decisão da Justiça italiana sobre o pedido de extradição para que Zambelli possa enfrentar as acusações aqui.
A questão da cassação e a posição do PT
Na mesma sessão que resultou na rejeição do relatório, o deputado Diego Garcia argumentou contra a cassação, sustentando sua posição com base em um laudo pericial apresentado pela defesa. Este ponto, no entanto, não convenceu a maioria dos membros da CCJ. O processo teve sua votação interrompida em um momento de intenso debate, catalisado por um pedido de vista coletivo que foi solicitado por alguns deputados.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), manifestou sua insatisfação com o andamento do processo, ameaçando entrar com um mandado de segurança no STF para garantir que a Mesa Diretora cumprisse a determinação da Corte a respeito da cassação. A pressão política para que uma decisão clara sobre a situação de Zambelli fosse tomada está em alta, especialmente considerando a gravidade das acusações e seu status de condenada.
Próximos passos na Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que, além do caso de Carla Zambelli, serão levados ao plenário processos de outros deputados condenados pelo STF, como Delegado Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ). Isso ocorre em um cenário onde a Câmara se prepara para decidir sobre a cassação de mandatos, num processo que requer a maioria absoluta dos votos – ou seja, 257 dos 513 parlamentares precisam votar a favor da cassação para que esta se concretize.
A discussão em torno da cassação de Carla Zambelli não é apenas uma questão legal, mas também um reflexo das tensões políticas nas quais o Brasil se encontra. À medida que esse processo avançar, os desdobramentos poderão impactar a dinâmica dentro da Câmara e as percepções públicas sobre a integridade da política brasileira.
Com a data de votação não estabelecida, espera-se que a Câmara enfrente debates acalorados conforme diferentes grupos tentam influenciar a decisão final sobre o futuro da deputada e as implicações dessa cassação para a política nacional.
Enquanto isso, o caso continua a atrair atenção da mídia e dos cidadãos, refletindo a necessidade de transparência e responsabilidade por parte dos representantes eleitos e das instituições brasileiras.
* Colaborou Luiz Claudio Ferreira


