O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, declarou nesta quarta-feira (12) que a remoção de palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia é “inaceitável para o mundo árabe”. A afirmação foi feita durante a Cúpula Mundial dos Governos, em Dubai, em resposta às declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que sugeriu a evacuação da população palestina para países vizinhos, como Egito e Jordânia.
💬 “Nós, árabes, lutamos contra essa ideia há cem anos e não estamos dispostos a capitular agora”, afirmou Gheit.
Trump sugere controle dos EUA sobre Gaza
Durante um encontro com o rei Abdullah II, da Jordânia, na Casa Branca, Trump afirmou que os EUA deveriam “ser donos de Gaza”, descartando a necessidade de um acordo financeiro para isso. Segundo ele, a região poderia ser colocada sob controle americano, sem detalhar como essa medida seria implementada.
A proposta gerou forte rejeição entre países árabes, que reafirmaram o compromisso com a solução de dois Estados, defendendo a criação de um Estado palestino independente ao lado de Israel.
Cúpula de emergência no Egito
Diante da escalada do debate, a Liga Árabe convocou uma cúpula emergencial para o dia 27 de fevereiro no Egito, onde os países árabes deverão definir uma posição unificada sobre a questão palestina. O objetivo é reforçar o compromisso com a soberania dos territórios palestinos e impedir qualquer tentativa de deslocamento forçado da população.
💬 “Hoje, o foco é Gaza. Amanhã será a Cisjordânia. O objetivo é esvaziar a Palestina histórica de seus habitantes originais”, alertou Gheit.
Histórico do conflito e desafios atuais
Desde a criação do Estado de Israel em 1948, centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas casas ou fugiram para países vizinhos, no que ficou conhecido como “Nakba” (Catástrofe, em árabe). O deslocamento forçado da população palestina continua sendo um dos principais pontos de tensão no conflito.
🔹 1948 – Criação de Israel e deslocamento em massa de palestinos.
🔹 1967 – Guerra israelo-árabe: Israel ocupa Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Gaza.
🔹 2005 – Israel se retira de Gaza, mas mantém bloqueio econômico e militar.
🔹 2007 – Hamas assume o controle de Gaza; Israel impõe bloqueio total.
🔹 2023 – Conflito entre Hamas e Israel leva à devastação da Faixa de Gaza.
🔹 2024 – Após 15 meses de guerra, um cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro.
Atualmente, Israel mantém sua posição contrária à criação de um Estado palestino independente e rejeita qualquer solução baseada na coexistência pacífica entre dois Estados.
A proposta de deslocamento dos palestinos levanta questões humanitárias e diplomáticas que mobilizam a comunidade internacional. Enquanto a Liga Árabe reforça sua oposição, a escalada do conflito e a incerteza sobre o futuro da Faixa de Gaza mantêm a região no centro das tensões globais.
A Liga Árabe
Ao longo de sua história, a Liga Árabe tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos interesses dos países árabes, especialmente em questões como o conflito israelo-palestino, a segurança regional e a cooperação econômica entre seus membros. A organização busca promover a unidade entre as nações árabes, além de mediar disputas e atuar em fóruns internacionais para garantir o reconhecimento dos direitos do povo palestino. Apesar de desafios internos e diferenças políticas entre seus membros, a Liga Árabe continua sendo um dos principais blocos diplomáticos do mundo árabe, influenciando negociações e decisões estratégicas na região.
A Liga Árabe é formada por 22 países membros e conta com a participação da Autoridade Nacional Palestina. Seus integrantes são: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina, Síria (atualmente suspensa), Somália, Sudão e Tunísia. Além disso, a organização possui países observadores, como Armênia, Brasil, Eritreia, Índia e Venezuela, que acompanham as decisões da Liga sem serem membros plenos.