Brasil, 8 de dezembro de 2025
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Como a pistola 9mm superou o revólver 38 e a 380 como arma mais popular do Brasil

No Brasil, a evolução das armas de fogo utilizadas por grupos criminosos tem se tornado um assunto de extrema relevância e preocupação. Uma pesquisa inédita do Instituto Sou da Paz revela que, nos últimos cinco anos, as pistolas 9mm superaram os tradicionais revólveres 38 e .380, tornando-se as armas mais populares entre o crime organizado, especialmente nas regiões Sudeste do país. Esse fenômeno indica não apenas uma modernização do arsenal utilizado por bandidos, mas também um aumento na letalidade dos conflitos urbanos.

A ascensão das pistolas no crime organizado

De acordo com o estudo, o percentual de pistolas apreendidas entre criminosos na região Sudeste cresceu exponencialmente, partindo de 25% do total em 2018 para 36% em 2023. Enquanto isso, a proporção de revólveres diminuiu de 42% para 37,6% no mesmo período. Essa mudança reflete uma clara tendência de modernização nas preferências de armamento entre os criminosos.

Um dos fatores que contribui para essa alteração no perfil das armas é a superioridade técnica das pistolas. Diferentemente dos revólveres, que geralmente comportam de 5 a 8 balas e têm uma potência inferior (342 joules no caso do revólver 38), as pistolas 9mm podem conter entre 12 a mais de 20 balas em seus pentes e apresentam uma cadência de disparo mais rápida, permitindo um maior número de tiros em menos tempo. Isso aumenta consideravelmente os riscos durante confrontos entre facções e ações policiais.

Implicações para a segurança pública

As consequências dessa mudança são alarmantes para a segurança pública. Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz, alerta que essa substituição de calibres implica em um aumento significativo na letalidade das ações criminosas. O calibre 9mm, que dispara com 40% mais energia do que o 38, torna-se uma arma mais letal e potencializa o número de “balas perdidas”, refletindo um crescente nível de violência nas grandes cidades brasileiras.

“Essa modernização do arsenal é uma preocupação que se agrava com a facilidade de acesso que os criminosos têm obtido nos últimos anos”, destaca Langeani. A pesquisa também aponta que, embora as pistolas e os revólveres sejam as armas dominantes no mercado ilegal, outras categorias, como fuzis e submetralhadoras, também apresentaram crescimento nas apreensões, indicando uma diversificação das armas utilizadas pelo crime organizado.

Tempo de crime e a idade das armas

Outro ponto abordado pelo estudo foi o “time to crime”, que se refere ao intervalo entre a fabricação da arma e sua apreensão. A análise concluiu que armas mais novas estão se tornando comuns nas mãos dos criminosos. “Estamos observando que o tempo entre a fabricação e a apreensão das armas está ficando mais curto. Isso indica que armamentos recentes estão entrando mais rapidamente no ciclo do crime”, salienta Langeani.

O Instituto Sou da Paz atribui essa dinâmica ao desvio de armas adquiridas por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), cuja regulamentação foi facilitada durante o governo de Jair Bolsonaro. A realidade no Espírito Santo, por exemplo, é alarmante: a quantidade de armas apreendidas com até dois anos de fabricação saltou de 33 em 2018 para 200 em 2023.

Reflexões sobre a modernização do armamento

A pesquisa do Instituto Sou da Paz revela uma tendência preocupante no Brasil, onde o crime organizado se arma com equipamentos cada vez mais modernos e letais. Especialistas acreditam que é urgente desenvolver estratégias mais eficazes para o controle de armamentos, conforme as dinâmicas do crime se modificam. Com a ascensão das pistolas 9mm e a diminuição da presença dos revólveres, as autoridades brasileiras precisam reavaliar suas abordagens na luta contra a criminalidade e assegurar um futuro mais seguro para a população.

Estudos como este são fundamentais para compreender a evolução do armamento no Brasil e as implicações que isso traz para a segurança pública, sublinhando a necessidade de políticas públicas robustas para enfrentar um fenômeno que, se não tratado de maneira eficiente, pode levar a um aumento ainda maior da violência nas cidades.

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