Brasil, 8 de dezembro de 2025
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Após COP30, petróleo brasileiro avança rumo ao mercado global

Após a realização da COP30, o Brasil intensificou sua exploração de petróleo, autorizando novas perfurações na região da Foz do Amazonas, uma das áreas mais biodiversas do país. Apesar de compromissos internacionais de redução de emissões, o governo demonstra intenção de expandir sua presença no mercado de petróleo internacional, impulsionando as exportações brasileiras, que cresceram 132% na última década.

Expansão das fronteiras petrolíferas e interesses internacionais

Em outubro, o Ibama autorizou a Petrobras a explorar petróleo no Bloco 59, na bacia da Foz do Amazonas, após várias negativas desde 2023. A licença permite perfurar um poço marítimo para avaliar reservas potenciais na área, próxima à região onde descobertas recientes na Guiana vêm transformando a economia local. Se reservatórios forem considerados viáveis, a estatal poderá solicitar novas permissões para exploração.

A chefe da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a licença facilitará novos licenciamentos e impulsionará uma “nova fronteira energética mundial”. No entanto, críticos interpretam essa decisão como um movimento que visa atrair investidores estrangeiros, evidenciando que a expansão petrolífera é voltada ao mercado externo, com pouco impacto na autossuficiência energética do Brasil.

Demandas internacionais e riscos ambientais

Dados de comércio exterior mostram que, em 2024, o Brasil exportou quase 90 milhões de toneladas de petróleo — 52% de toda a produção. Além disso, empresas estrangeiras como Chevron, ExxonMobil e CNPC estão ampliando seus investimentos na exploração na região da Foz do Amazonas, com planos de perfuração ainda mais aprofundados até 2028.

Por outro lado, organizações ambientais alegam que decisões como a licença concedida pelo Ibama desrespeitam critérios ambientais, pois não consultaram comunidades locais, usaram dados desatualizados e subestimaram impactos à biodiversidade e ao clima. O órgão impôs 28 condicionantes à Petrobras, incluindo a necessidade de uma nova simulação de vazamento de óleo, que até agora utilizou modelagem de 2013, considerada ultrapassada por especialistas.

Perspectivas econômicas e ambientais do petróleo no Brasil

Segundo análises do site InfoAmazonia, a manutenção da demanda atual pode levar o Brasil a perder sua autossuficiência de petróleo até a próxima década, principalmente se não cumprir suas metas de redução de emissões. Um relatório do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável aponta que 85% dos projetos da Petrobras seriam inviáveis sob um cenário de limitação do aumento global de temperatura a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.

Embora o Brasil seja atualmente o sexto maior produtor mundial, sua intenção de explorar novas fronteiras, especialmente na Foz do Amazonas, pode elevar sua posição para quarto lugar até a próxima década. No entanto, especialistas alertam para o risco de investimentos que não trarão retorno econômico diante da possível diminuição da demanda global por petróleo após 2030.

Questões políticas e o papel da Petrobras na COP30

Críticos apontam que a concessão de licenças pelo Ibama ocorreu sob presión de aliados do presidente Lula e foi feita de forma discreta durante a COP30, evento no qual o país reafirmou compromissos de redução de carbono. A Petrobras, por sua vez, reforçou sua participação na conferência, embora de maneira mais reservada, realizando dois eventos no pavilhão oficial do Brasil.

Especialistas consideram essa estratégia uma jogada tática, tentando equilibrar interesses econômicos com as aspirações ambientais do país. Contudo, a sua presença e ações na COP evidenciam o conflito entre a narrativa de sustentabilidade e as reais políticas de expansão do setor de petróleo no Brasil, que seguem uma lógica de crescimento voltada ao mercado externo e às demandas internacionais.

Enquanto o governo aposta na exploração de novos campos petrolíferos para garantir receitas futuras, ambientalistas e entidades da sociedade civil continuam contestando a legitimidade dessas decisões, reforçando a necessidade de uma transição energética mais justa e sustentável.

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