O Brasil dá um passo significativo na luta contra a dengue com a recente aprovação da Butantan-DV, a primeira vacina do mundo de dose única contra a doença. Publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), este registro oficializa a conclusão do processo regulatório, permitindo a produção e a comercialização do imunizante, que será disponibilizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, milhões de brasileiros poderão contar com uma nova ferramenta de proteção contra essa enfermidade que tem afetado a população em diversas regiões do país.
Características da vacina Butantan-DV
A Butantan-DV não é apenas feita para oferecer proteção, mas sim para salvaguardar a saúde de pessoas de 2 a 59 anos, cobrindo os quatro tipos do vírus da dengue. O Instituto Butantan já possui um milhão de doses prontas, com a expectativa de produzir mais 25 milhões até o segundo semestre de 2026 e outras 35 milhões em 2027. Os estudos realizados até agora indicam que as pessoas que receberam a vacina terão a proteção garantida por até cinco anos.
Eficácia e segurança
O diretor do Butantan, Esper Kallas, afirmou que a eficácia geral da vacina é de 74,7%. Mais importante ainda, a proteção contra dengue grave ou sinais de alerta é de 91,6%, e 100% dos vacinados estão protegidos contra hospitalizações, mostrando que mesmo se alguém for infectado pelo vírus, a probabilidade de desenvolver sintomas graves é extremamente baixa.
Além disso, o Butantan firmou uma parceria com a empresa chinesa WuXi para aumentar a capacidade de produção, assegurando que haja doses suficientes para atender a demanda. A secretária estadual de Saúde em exercício, Priscilla Perdicares, destaca que a imunização em uma única dose facilita a logística e aumenta a adesão por parte da população, um fator crucial na luta contra a dengue.
O cenário da dengue no Brasil
A aprovação da Butantan-DV ocorre em um momento crítico, uma vez que o Brasil enfrenta um aumento expressivo nos casos de dengue. Em 2024, foram registrados 6,56 milhões de casos, resultando em 6.321 mortes, um aumento alarmante em comparação a 2023, que teve 1,65 milhão de casos e 1.179 óbitos. Somente no estado de São Paulo, 55% das infecções foram concentradas, com 897 mil casos contabilizados e 1.108 mortes.
A Butantan-DV será incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) a partir de janeiro do ano que vem, e um comitê de especialistas irá definir os grupos prioritários a serem vacinados. Esta vacina não substitui a vacina oferecida pela farmacêutica japonesa Takeda, a Qdenga, que requer duas doses e está autorizada apenas para crianças e adolescentes entre 10 a 14 anos, deixando os mais velhos sem opções.
Impacto na imunização da população
A introdução da Butantan-DV é vista como uma resposta vital à crise da dengue em um cenário epidemiológico alarmante. Estudos realizados ao longo de mais de uma década em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH) demonstraram a eficácia do imunizante. A vacina foi submetida ao registro na Anvisa em 16 de dezembro de 2023, após um longo processo de avaliação clínica que durou mais de cinco anos e envolveu o acompanhamento de voluntários.
A aprovação da vacina de dose única simboliza um avanço significativo na proteção contra a dengue e representa uma esperança renovada para milhões de brasileiros. Com novas doses sendo produzidas e um aumento esperado na adesão, a expectativa é que o país consiga conter os surtos frequentemente recorrentes da doença, oferecendo uma proteção eficaz e acessível a todos.
Conclusão
A Butantan-DV não apenas traz uma nova opção de imunização, mas também representa um marco na saúde pública do Brasil. O potencial de reduzir drasticamente os casos graves e hospitalizações pode mudar o panorama da dengue no país. É essencial que a população se mantenha informada sobre a nova vacina e participe da campanha de vacinação assim que disponível, contribuindo para a saúde coletiva e a prevenção de doenças.
