No último sábado (6), durante o interrogatório na 2ª Delegacia de Polícia, Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, confessou ter assassinado a cabo Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, e ateado fogo no quartel do Exército em Brasília. O crime chocou a sociedade e levantou questões sobre a segurança nas forças armadas, especialmente em relação à violência de gênero.
Confissão e detalhes do crime
Segundo as declarações de Kelvin, ele saiu do quartel após cometer o crime e pegou um ônibus rumo à sua cidade natal. “Eu coloquei a arma de fogo [da vítima dentro da mochila], saí do quartel, peguei um ônibus e fui para minha cidade. Depois disso, eu taquei a arma no bueiro e fui para casa”, relatou. Durante a confissão, ele também afirmou que esfaqueou Maria no pescoço e usou álcool do banheiro para iniciar o incêndio no quartel.
A cabo Maria era descrita por familiares como uma pessoa estudiosa e dedicada à música e à sua comunidade religiosa. O choque gerado pelo crime aumenta a discussão sobre feminicídios no Brasil, que continua a ser uma questão alarmante.
A evolução do caso
Kelvin, que está preso desde a tarde de sexta-feira (5), ficou detido por tempo indeterminado após decisão da Justiça. O delegado Paulo Noritika, da 2ª Delegacia, destacou que o suspeito apresentou quatro versões diferentes sobre os eventos, mas nenhuma delas foi confirmada com provas concretas. O caso gerou grande repercussão, e nesta segunda-feira (8), novos depoimentos de colegas de trabalho da vítima devem ser colhidos pela polícia.
Um relacionamento conturbado?
No interrogatório, Kelvin alegou ter tido um relacionamento com Maria, o que foi prontamente negado pela família da vítima. Ele afirmou que a discussão que levou ao crime começou porque Maria queria que ele terminasse outro relacionamento. A versão de Kelvin inclui um episódio em que a militar supostamente sacou uma arma, que ele segurou, enquanto tentava colocar munições. Em um momento de desespero, segundo o suspeito, ele pegou uma faca militar da vítima e a atacou.
Investigação em curso
O caso está sendo investigado tanto pela Polícia Civil quanto pelas Forças Armadas, em inquéritos separados. Após a confissão, Kelvin foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Em audiência realizada no dia seguinte ao crime, a Justiça do Distrito Federal decidiu converter a prisão em flagrante do suspeito em prisão preventiva, assegurando que ele continuará detido enquanto o caso avança.
Possível transferência para a Justiça Militar
Existem discussões sobre a possibilidade de transferência do caso para a Justiça Militar, uma vez que o crime foi praticado por um militar da ativa e no interior de uma unidade militar. O juiz federal Francisco Veras afirmou que, devido às circunstâncias e ao fato de que o ato está previsto no código militar, comunicar-se-á o Tribunal do Júri do TJDFT para que a competência da corte militar seja confirmada.
Além do processo criminal, Kelvin enfrenta um inquérito administrativo disciplinar que pode resultar em sua expulsão das Forças Armadas. O caso gera reflexões sobre a cultura militar relacionada à violência, e espera-se que as investigações possam trazer clareza e justiça para a família da vítima, que enfrenta um momento de grande dor e perda.
Um chamado à ação
O assassinato de Maria de Lourdes não é um caso isolado em um Brasil onde os feminicídios se tornaram uma triste realidade. A sociedade clama por medidas mais rigorosas para proteger as vítimas de violência de gênero e garantir que tais crimes não permaneçam impunes. Organizações de defesa dos direitos das mulheres estão levando adiante campanhas para sensibilizar a população sobre a importância de romper o ciclo de violência e promover ambientes mais seguros para todos.
À medida que o caso avança, muitos aguardam ansiosamente por seus desdobramentos e por uma resposta adequada por parte da Justiça. É essencial que se coloque um fim a tamanha violência e que a memória de Maria de Lourdes sirva como um lembrete da urgência nas ações para prevenir e enfrentar o feminicídio no Brasil.



