Nesta segunda-feira (8), o dólar abriu em leve queda, recuando 0,04%, cotado a R$ 5,4312 às 9h02, enquanto o Ibovespa iniciou as operações em forte baixa, em meio às tensões políticas relacionadas às movimentações de Flávio Bolsonaro para disputar a presidência em 2026. A declaração do senador, que afirmou ter “um preço” para desistir da candidatura em troca de anistia para Jair Bolsonaro, elevou as incertezas no cenário eleitoral e impactou negativamente os ativos brasileiros.
Cenário político e impacto nos mercados
O ambiente político voltou a dominar o humor dos investidores nesta semana, após a turbulência provocada na sexta-feira passada. A possível desistência de Flávio Bolsonaro da disputa presidencial, em troca de uma eventual anistia ao pai, Jair Bolsonaro, reacendeu as dúvidas sobre o futuro do cenário eleitoral.
Investidores reagiram imediatamente à sinalização, resultando na forte queda do Ibovespa e na valorização do dólar frente ao real. O índice da bolsa brasileira chegou a cair mais de 4%, interrompendo uma sequência de altas impulsionada por expectativas de cortes de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Movimentações do mercado financeiro
O dólar acumulou alta de 1,83% na semana e de 1,83% no mês até o momento, fechando o dia em R$ 5,4312. No ano, a moeda americana desvalorizaram 12,09%. Já o Ibovespa, que tinha início de sessão em alta, virou para queda e acumula uma perdas de 1,07% na semana, mas mantém alta de 30,83% no ano.
Segundo analistas, a movimentação reflete a preocupação dos investidores com a fragmentação da base bolsonarista e a dificuldade de formar uma chapa unificada, o que aumenta a incerteza sobre a eleição de 2026. A expectativa de que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, seja uma alternativa mais sólida teve sua influência reduzida após a indicação de Flávio Bolsonaro como candidato, o que alterou as perspectivas de formação de uma aliança mais competitiva.
Reações e análises profissionais
Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil, afirmou que a entrada de Flávio na disputa presidencial pode dificultar a formação de uma frente de oposição consolidada contra Lula, criando divisões internas no campo bolsonarista. “O movimento de Flávio pode abrir espaço para disputas internas e reduzir a previsibilidade do cenário eleitoral”, comentou.
Apesar da volatilidade momentânea, alguns analistas mantêm uma visão otimista para o médio prazo. Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, destacou que os fundamentos da bolsa continuam favoráveis, especialmente com preços atraentes, expectativas de início de cortes de juros e possíveis melhorias no cenário político.
Contexto internacional e futuras apostas
Nos Estados Unidos, o mercado acompanha próximos dos anúncios do Federal Reserve, previstos para quarta-feira, com expectativas de mais um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros, embora a decisão gere debates internos na autoridade monetária.
Na Europa, as bolsas tiveram desempenho misto, refletindo expectativas de cortes de juros nos EUA e interesse em negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. As bolsas asiáticas, por sua vez, fecharam com sinais positivos, impulsionadas por avanços em setores de tecnologia e fabricantes de chips, interrompendo uma sequência de perdas.
O cenário externo reforça a atenção dos investidores às próximas semanas, com atenção especial às decisões de política monetária e aos dados de inflação que poderão influenciar a direção futura do câmbio e do mercado de ações brasileiro.

