Nos últimos dias, o Bairro Sabiaguaba, em Fortaleza, se tornou cenário de uma crescente onda de ataques por facções criminosas que buscam expandir suas áreas de atuação. Os moradores da região estão enfrentando sérias dificuldades, principalmente no que diz respeito ao acesso à internet. Desde terça-feira (2), a conexão de uma provedora local foi comprometida após um grupo de criminosos danificar os equipamentos e impedir que os técnicos realizassem os devidos reparos.
Crise na internet e ameaças a provedores
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou ao portal g1 que a situação de falta de internet afetou toda a comunidade. Ele relatou que, ao tentar chamar técnicos para consertar os equipamentos, recebeu a informação de que os criminosos estavam ameaçando os trabalhadores, deixando claro que não permitiriam a operação na área. “A operadora disse que fez várias tentativas, mas era sempre a mesma coisa”, lamentou.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou que a Polícia Civil está investigando as ameaças contra o provedor de internet que atua na região. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) é a unidade responsável por investigar o caso, realizando diligências para apurar os fatos.
Intervenção policial e captura de suspeitos
Os ataques a provedores de internet no Ceará não são um evento isolado. Apenas em 2025, estima-se que os danos causados por esses episódios tenham gerado prejuízos superiores a R$ 1 milhão. A SSPDS informou que, desde o início do ano, aproximadamente 80 pessoas relacionadas a crimes contra provedores de internet foram detidas, abrangendo desde pequenos operadores clandestinos até mandantes de ameaças e homicídios.
Além disso, a pasta enfatiza a importância de registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) em casos de crime. O B.O pode ser feito em qualquer delegacia ou pela Delegacia Eletrônica (Deletron), que está disponível 24 horas por dia, atendendo todo o Ceará.
A diversificação dos negócios das facções
A problemática da falta de internet em Sabiaguaba é um reflexo de uma estratégia mais ampla adotada por facções criminosas no Ceará. Os grupos têm se mostrado cada vez mais interessados em diversificar suas atividades para garantir fontes alternativas de renda. Entre as várias áreas de atuação, serviços de internet, jogo do bicho, loterias, comércio de cigarros e bebidas falsificadas, e até a venda de combustíveis fazem parte do repertório das facções.
Recentemente, o g1 teve acesso a documentos que revelam como essas organizações têm buscado explorar diferentes segmentos, indo além do tráfico de drogas, que frequentemente sofre com apreensões policiais. Um episódio notório ocorreu em agosto, quando criminosos tentaram controlar a venda de água de coco em Fortaleza, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, a avenida Beira Mar.
Consequências da violência e a resposta da sociedade
A crescente violência e a expansão dos negócios ilícitos têm provocado conflitos armados entre facções rivais e gerado um clima de medo entre os moradores. Especialistas apontam que essa diversificação é uma estratégia deliberada para reduzir a dependência do tráfico de drogas, diversificando, assim, as fontes de receita disponíveis para os grupos.
A situação em Sabiaguaba não é um caso isolado, mas parte de um fenômeno mais amplo que exige uma resposta conjunta da sociedade e do poder público. Com o aumento da violência e a escalada dos ataques, a colaboração entre a população e as autoridades se torna fundamental para combater a criminalidade e restabelecer a segurança na região.
A luta contra as facções e sua expansão para novos negócios é uma batalha que, sem dúvida, entende-se a partir do contexto mais amplo de segurança pública e estratégias de contenção e repressão a essas organizações criminosas. Enquanto isso, os moradores de Sabiaguaba enfrentam diariamente as consequências dessa nova realidade, clamando por uma solução que lhes devolva não só o acesso à internet, mas também a tranquilidade em suas vidas.
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