Brasil, 8 de dezembro de 2025
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Enem 2023: reflexões sobre o envelhecimento e a juventude no Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano não se destacou apenas pelo recorde de candidatos com 60 anos ou mais — cerca de 17.192 pessoas, representando 0,35% do total —, mas também pelo tema instigante proposto para a redação: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Este assunto não apenas propõe uma reflexão profunda, mas também revela a conexão entre diferentes gerações diante de um futuro incerto.

Candidatos jovens: desafios e incertezas

A maior parte dos participantes — aproximadamente 75% — tem menos de 20 anos. Esses jovens, que enfrentaram um cenário adverso durante a pandemia, são forçados a olhar para o futuro e a ponderar sobre o que está por vir. Com altas taxas de evasão escolar e um aprofundamento das desigualdades sociais, a juventude brasileira se vê em meio a uma “bomba-relógio” que resulta em aumento da violência urbana e precarização do trabalho.

As manifestações da Geração Z são um reflexo desse descontentamento. No Brasil, 12% do eleitorado pertence a essa faixa etária, que, segundo pesquisa Datafolha, registrou uma insatisfação significativa com a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para a atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, apenas 19% dos jovens classificam o governo como ótimo ou bom. A expectativa de melhorias por parte dessa geração é palpável e representa uma demanda por oportunidades e melhores condições de vida.

O envelhecimento e suas implicações sociais e políticas

Enquanto isso, um olhar direcionado para a “geração sanduíche”, ou seja, os indivíduos na faixa dos 50 anos, revela um outro fenômeno social: as dificuldades enfrentadas por aqueles que sustentam tanto seus pais quanto seus filhos. Essa camada da população busca, na realidade, uma inclusão nas rápidas transformações do mundo contemporâneo, refletindo uma crescente necessidade de políticas públicas que contemplem tanto os mais velhos quanto os mais jovens.

No Brasil, o envelhecimento acelerado traz consigo desafios significativos, especialmente nas áreas de saúde e previdência. A escassez de especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS) e o déficit no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) são apenas algumas das dificuldades que se avizinham. Além disso, a necessidade de permanência no mercado de trabalho para os mais velhos encontra barreiras, como o baixo grau de escolaridade em comparação com gerações mais jovens.

A necessidade de representação política inclusiva

Outro ponto crucial a ser abordado é a representação política. Embora o Brasil já possua um dos parlamentos mais velhos do mundo, é fundamental que aqueles em posições de poder compreendam as reais necessidades de suas gerações. A busca por representantes que tenham uma visão sistêmica para moldar políticas públicas mais adequadas às diferentes realidades sociais deve ser uma prioridade. Atualmente, aproximadamente metade do eleitorado brasileiro tem 45 anos ou mais, e isso deve refletir nas decisões políticas.

As declarações de apoio ao atual governo variam consideravelmente entre as gerações. Para aqueles com 45 anos ou mais, o índice de satisfação com a administração de Lula se mantém relativamente estável, enquanto a insatisfação da juventude é notável. A intenção de voto para as próximas eleições presidenciais também evidencia essas diferenças, com uma maior adesão do eleitorado mais velho ao atual presidente em comparação aos mais jovens.

Um futuro compartilhado

Por fim, tanto jovens quanto adultos mais velhos demonstram um consenso importante: a presença da democracia como a melhor forma de governo. Essa afirmação reflete uma expectativa comum de que, apesar das divergências, todos anseiam por um futuro mais promissor. Assim, as discussões que surgem no contexto do Enem 2023 podem ser vistas como pontes entre as gerações, responsabilizando todos na busca de um Brasil mais equitativo.

Mauro Paulino, comentarista político e especialista em opinião pública e eleições, e Alessandro Janoni, diretor de pesquisas da consultoria Imagem Corporativa, abrem espaço para que essas reflexões sejam melhor compreendidas pela sociedade. Assim, o Enem deste ano não é apenas um meio de avaliação educacional, mas sim um convite à reflexão sobre os caminhos que o Brasil pode seguir.

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