Na tarde deste domingo, 7 de dezembro, catorze menores infratores conseguiram escapar do Centro de Socioeducação (Cense) Aeroporto Dom Bosco, localizado na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A fuga, que ocorreu no horário em que uma rebelião se desenrolava, foi confirmada pela Polícia Militar, que foi acionada para atuar na ocorrência.
Contexto da fuga
As informações preliminares indicam que a rebelião teve início por volta das 14h. Durante o tumulto, os adolescentes aproveitaram a confusão para escapar da unidade. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, detalhou que dos 14 menores que fugiram, dez pertencem ao Comando Vermelho e quatro ao Terceiro Comando Puro, facções conhecidas no estado e que têm um histórico de conflitos violentos.
Importante ressaltar que um interno ficou ferido durante a rebelião, sendo atingido por pedradas. Ele foi levado ao Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, onde recebeu atendimento. A situação causada pela fuga levanta uma série de questões sobre a segurança das unidades socioeducativas e o manejo de jovens infratores no estado.
Ação da polícia
Após a fuga, a Polícia Militar mobilizou equipes para cercar a Ilha do Governador na tentativa de recapturar os fugitivos. No entanto, até as 18h50 do mesmo dia, nenhum dos adolescentes havia sido localizado. A ineficácia das operativas até o momento gerou preocupação entre os familiares e nas comunidades locais.
Repercussão do incidente
A fuga e a consequente rebelião suscitaram uma série de críticas sobre a gestão das unidades de internação de adolescentes no Rio de Janeiro. O g1 procurou o Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), a Polícia Civil e o Governo do Estado para colher mais informações, mas até a última atualização da reportagem, nenhuma dessas entidades havia se pronunciado.
As situações de fugas em centros socioeducativos não são uma novidade no Brasil, refletindo as dificuldades estruturais e operacionais enfrentadas pelas instituições que lidam com adolescentes em conflito com a lei. O episódio deste domingo reforça a necessidade urgente de implementar políticas públicas mais eficazes e humanas para a reintegração desses jovens à sociedade, ao mesmo tempo em que garante a segurança da população.
A importância de um novo modelo de atendimento
A sociedade se vê, a cada dia, diante de um dilema: como lidar com a violência juvenil de maneira que promova a reabilitação sem comprometer a segurança pública? O desafio é grande e exige um olhar atento aos fatores que levam ao ingresso de jovens no sistema socioeducativo, tais como a exclusão social, a falta de oportunidades e a violência familiar.
Alternativas que priorizem a educação, o acolhimento e o fortalecimento de laços familiares podem ser caminhos viáveis para evitar que esses adolescentes se tornem repetidores de um ciclo de violência e criminalidade. É preciso também garantir que esses jovens tenham acesso a uma infraestrutura adequada e a programas que trabalhem suas habilidades sociais e emocionais.
O que aconteceu na Ilha do Governador é um indício claro de que, sem as devidas atenção e cuidado, nossos jovens continuarão a ser vítimas e perpetradores de um sistema falido e violento. O que a sociedade espera agora é uma resposta eficaz das autoridades e uma reafirmação do compromisso com a transformação da vida desses adolescentes, tornando-os cidadãos responsáveis e ativos.
À medida que aguardamos os desdobramentos deste incidente, o foco deve ser não apenas na captura imediata dos fugitivos, mas também em repensar e reformular as condições que levaram a tal situação. A sociedade também é responsável por buscar soluções duradouras que promovam não só a segurança, mas a justiça social.


