O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou nesta semana que a União Europeia pode tomar “medidas enérgicas”, incluindo tarifas, contra a China, caso Pequim não resolva o crescente desequilíbrio comercial com o bloco. A declaração foi feita após Macron retornar de uma visita de três dias à China, onde buscou renegociar investimentos e reequilibrar a relação com a segunda maior economia do mundo.
Críticas ao superávit da China e possíveis medidas da Europa
“Estou tentando explicar aos chineses que seu superávit comercial não é sustentável, porque eles estão matando seus próprios clientes, principalmente por quase não importarem mais nada de nós”, afirmou Macron ao jornal Les Echos. Ele acrescentou que, se Pequim não reagir, a Europa poderá adotar ações similares às dos EUA — como tarifas sobre produtos chineses — nos próximos meses.
Macron também declarou que discutiu o assunto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltando a necessidade de a UE reforçar sua autonomia econômica. A França tem um déficit comercial com a China que atingiu aproximadamente €47 bilhões (US$ 54,7 bilhões) no ano passado, segundo o Tesouro francês.
Dados comerciais e tensões com Pequim
Enquanto isso, o superávit da China com a União Europeia aumentou para quase US$ 143 bilhões no primeiro semestre de 2025, marcando um recorde para períodos de seis meses, conforme dados divulgados pela China. As tensões entre França e China aumentaram em 2024 após Paris apoiar tarifas da UE sobre veículos elétricos chineses. Pequim retaliou com requisitos de preço mínimo para o conhaque francês, preocupando produtores de carne suína e laticínios que temem represálias adicionais.
“Questão de vida ou morte”
Macron afirmou que a postura dos Estados Unidos em relação à China tem sido “inadequada” e agravou a posição da Europa ao desviar produtos chineses para o mercado americano. “Hoje, estamos presos entre os dois, e isso é uma questão de vida ou morte para a indústria europeia”, declarou, observando que a Alemanha, maior economia do continente, não compartilha totalmente do posicionamento francês.
Além de fortalecer sua competitividade, Macron destacou que o Banco Central Europeu deve atuar para consolidar o mercado único da UE, defendendo uma política monetária que priorize crescimento e empregos, além da inflação. Ele alertou ainda que a decisão do BCE de vender títulos públicos pode elevar as taxas de juros de longo prazo e prejudicar a atividade econômica, ressaltando que “a Europa deve — e quer — continuar sendo uma zona de estabilidade monetária e investimento credível”.
Para o presidente francês, uma posição mais firme frente à China e uma atuação mais coordenada na política monetária são essenciais para a sustentabilidade econômica do bloco no cenário global. Fonte

